segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Desembolsos do BNDES encolhem 28% em 2015


FolhaPress


Os desembolsos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) encolheram em 28% no ano passado, para R$ 135,9 bilhões -o pior desempenho desde 1996, o primeiro ano com as variações disponíveis.

Com o maior custo do crédito em meio ao ajuste do governo e a menor demanda por financiamento dos empresários, os desembolsos do BNDES no ano passado foram os menores desde 2008 (R$ 90,9 bilhões).

Os dados foram divulgados pelo banco nesta segunda-feira (25).

Considerados os dados da série histórica deflacionados, ou seja, corrigidos com a inflação pelo IPCA (índice oficial do país), os valores desembolsados pelo banco no ano passado retrocederiam ainda mais. Seriam os menores desde 2007 (R$ 107,5 bilhões).
Naquele ano, o banco acelerava seus financiamentos a grandes empresas após a posse de Luciano Coutinho na presidência da instituição, em abril de 2007. Era o início de uma fase de forte expansão do banco e da política de "campeões nacionais".

PSI

Um dos responsáveis pela queda dos desembolsos foi o PSI (Programa de Sustentação do Investimento), programa lançado na crise de 2009 e que sofreu cortes de orçamento no ano passado por causa do ajuste fiscal do governo.
Segundo o banco, os desembolsos do PSI recuaram 56% em 2015, para R$ 33,2 bilhões. O programa financiava compra de máquinas e equipamentos, caminhões e ônibus. O programa foi extinto pelo governo em 31 de dezembro do ano passado.

SETORES

Considerando os diferentes setores da economia, a maior queda percentual foi nos desembolsos para o setor de comércio e serviços com recuo de 41%, para R$ 30,5 bilhões no ano passado.
Com maior peso na carteira do banco, os desembolsos para o setor de infraestrutura (o que inclui desde energia a rodovias, passando por telecomunicações e ferrovias) encolheram em 20%, para R$ 54,9 bilhões.

O setor de energia elétrica, neste caso, ainda cresceu, em 15% em 2015, para R$ 21,9 bilhões. O ramo de construção, contudo, encolheu em 18%, para R$ 2,2 bilhões. Telecomunicações caiu 60%, recuando para R$ 2,1 bilhões em 2015.

CONSULTAS

Um dos números que chamam atenção no resultado do banco é a linha de consultas de novos financiamentos, que serve como um termômetro dos futuros desembolsos do BNDES.
As consultas ao banco –primeira etapa do processo de pedido de empréstimo– tiveram queda de 47% no ano passado, para R$ 124,6 bilhões.

Já os empréstimos aprovados pelo banco tiveram uma queda semelhante, de 47%, para R$ 109 bilhões. Considerado o pesos dos diferentes setores, o destaque, neste caso, foi o setor de infraestrutura, com uma queda de 48% (R$ 22,.75 bilhões).
Nesta segunda-feira, o presidente do banco, Luciano Coutinho, disse à Folha que a expectativa é que os empréstimos para os setores de infraestrutura e energia cresçam 10% em 2016, na comparação ao ano passado.

O BNDES recebeu em dezembro uma parcela de equalização de atrasados do PSI, em valores de cerca de R$ 23 bilhões. Na entrevista, Coutinho disse que com essa parcela o banco poderá ter "uma política um pouco mais ativa para olhar as necessidade reais da economia"

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