quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Paul McCartney em SP:três horas em três minutos


Veja

Quatro anos após sua última passagem por São Paulo, quando se apresentou no estádio do Morumbi, Paul McCartney retornou à capital paulista nesta terça-feira para estrear o palco da recém-inaugurada arena do Palmeiras. E promoveu uma bela festa de abertura. Sir Macca, como o chamam os fãs, mostrou que aos 72 anos segue com a disposição, o talento e o carisma que acompanham a sua carreira há mais de meio século. Na pista e nas arquibancadas, um público das mais variadas idades correspondeu à energia do ex-beatle e, mesmo debaixo de chuva, não se cansou de cantar em coro os principais sucessos ao longo de quase três horas de apresentação, que passaram como se fossem três minutos.

O atraso de quase uma hora para o início do show, apesar de cansativo, serviu para que o público pudesse chegar e se acomodar no estádio, já que muitos tiveram problemas na entrada devido à organização confusa, às longas filas nos arredores da arena e à forte chuva que complicou trânsito da cidade a partir do final da tarde. Cerca de meia hora antes do início, os telões se transformaram em um túnel do tempo, exibindo fotos de Paul McCartney desde a sua infância, passando pela adolescência, a formação e o auge dos Beatles, até chegar aos dias atuais. Assim que a viagem pela vida do cantor terminou, o próprio entrou no palco acompanhado de sua banda para tocar Eight Days a Week, a primeira de muitas canções dos Beatles que viriam pela frente.

Os sucessos do quarteto de Liverpool, como não podia ser diferente, eram os que mais embalavam os fãs e proporcionavam karaokês em massa. O repertório da banda ia dos hits mais agitados e dançantes, como Paperback Writer, Lady Madonna, I Saw Her Standing There, Back in the U.S.S.R. e Helter Skelter, às baladas The Long and Winding Road, All My Loving, And I Love Her, Yesterday e Something, essa dedicada ao ex-Beatle George Harrison e com os primeiros versos acompanhados apenas por voz e ukulele. Lindo.

A beatlemania se mesclava ao longo da noite com os sucessos da fase pós-Beatles de McCartney. Listen to What the Man Said, Let Me Roll It, Band on the Run e a explosiva Live and Let Die – que é acompanhada por um show pirotécnico – estavam entre as canções compostas por ele entre as décadas de 1970 e 1980 com a banda The Wings. Já Everybody Out There, Another Day, My Valentine, Maybe I’m Amazed e Here Today representaram a carreira solo do cantor. As três últimas oferecidas, respectivamente, para sua atual esposa, Nancy Shevell, sua ex-esposa e companheira de banda, Linda McCartney, e o amigo e parceiro John Lennon.

Apesar de extensa, a apresentação de aproximadamente três horas passou quase de forma imperceptível. Além de se tratar de uma das principais estrelas do rock em atividade, seu repertório recheado de sucessos – muitos deles com duração de pouco mais de dois minutos –, sua versatilidade instrumental, que passa de baixo para violão, guitarra, piano e teclado inúmeras vezes, são alguns dos fatores que contribuem para que o show passe quase que em um piscar de olhos. O carisma, o jeito bem humorado e a empolgação do músico eram refletidos na plateia, que respondia cantando, dançando e atirando para o alto bastões de neon e bexigas coloridas, respectivamente em New e Ob-La-Di, Ob-La-Da. Macca ainda arriscou algumas frases em português, como “Balada”, “ E aí, sampa”, “É nóis” e “É bom estar de volta”, mas, o próprio reconheceu em determinado momento que seu inglês é muito “maior”.

Vale destacar, como ponto negativo, que a voz do cantor não estava em seus melhores dias. Para não perder a afinação, o músico evitava berros e notas agudas, ou deixava para os fãs cantarem por ele. Mas nada que prejudicasse o espetáculo. O temporal que caiu na reta final da apresentação, mais especificamente em Hey Jude, também não desanimou o público, que proporcionou um enorme e molhado coro de “Na na na na” no desfecho da canção. Após duas pausas para o bis, Paul fechou a noite com o medley que integra o último álbum dos Beatles, Abbey Road, formado por Golden Slumbers, Carry That Weight e The End, e deu um “Até logo” aos “paulistas”, como se referiu inúmeras vezes aos quase 50 000 fãs que lotaram o Alianz Parque.

Paul McCartney ainda se apresenta nesta quarta-feira em São Paulo, novamente no estádio do Palmeiras, para encerrar sua passagem pelo Brasil com a turnê Out There

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