Orlando Margarido/terra
Direto de Cannes
Chapa, o terceiro curta-metragem de Thiago Ricarte, traz para Cannes um personagem brasileiro de estrada desconhecido mesmo para quem trafega usualmente pelo País. Identificados à beira das rodovias por uma placa, os chapas são homens contratados pelos caminhoneiros para serviços como descarregar cargas e orientá-los dentro de metrópoles como São Paulo. Mas quem assistir à ficção, avisa o diretor, pode sair sem conhecer mais esse exemplo de um trabalho informal, realizado em geral por desempregados.
"Eles são o ponto de partida do filme", diz Ricarte, formado em Cinema pela Faap. "Mas para mim o personagem principal é a estrada, com seus demais tipos, que representei numa criança que vende cocada, numa mãe e sua filha, e claro, num 'chapa' à espera de sua filha."
O traço documental do curta, de quinze minutos, se deve às entrevistas que Ricarte fez com os chapas nas rodovias Dutra e Fernão Dias. Nascido em Guarulhos, mas criado em Atibaia, o diretor fazia o percurso de estrada diariamente quando as placas dos trabalhadores anônimos lhe chamaram a atenção.
"Procurei não tentar glamurizar nem dar uma visão negativa deles; eles são mais brasileiros que encontraram ali, à beira das estradas, um modo de sobreviver".
O filme será exibido nesta sexta-feira, às 11h no horário local, dentro do recorte Cinefondation da competição oficial, projeto que exibe trabalhos de estudantes de faculdade.
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