quarta-feira, 22 de junho de 2022

Multinacional chilena pode construir a quinta indústria de celulose

 

Arauco expandiu florestas em Inocência e Paranaíba e tem capacidade para implantar a maior fábrica do Brasil

EDUARDO MIRANDA


A multinacional Arauco, com sede no Chile, pode ser a mais nova planta processadora de celulose com sede em Mato Grosso do Sul. A expectativa é de que a mais nova unidade da empresa seja anunciada ainda neste mês pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB).  


Na segunda-feira (20), Azambuja deu a pista ao afirmar que anunciará nos próximos dias a construção no Estado de uma unidade processadora de celulose ainda maior do que a que está em construção pela Suzano em Ribas do Rio Pardo. Na ocasião, só não informou o nome da empresa, para não romper quebra de acordo de confidencialidade.  


Se o anúncio de Azambuja se confirmar em números, Mato Grosso do Sul poderá firmar-se como o maior produtor de celulose do Brasil e uma das maiores regiões produtoras deste tipo de fibra vegetal do mundo, com mais de 10 milhões de toneladas processadas por ano.  


A Arauco, apesar de não listar suas ações na Bolsa de Valores brasileira, a B3, comercializa suas ações na Bolsa de Santiago. E não pode fazer anúncios da magnitude de uma nova planta sem antes comunicar seus acionistas.  


Se a nova planta for, de fato, da Arauco, a expectativa é de que ela seja construída na região noroeste do Estado, que também ficou conhecida no passado como Bolsão.  


Atualmente, a multinacional chilena já mantém um investimento na região: a Mahal Empreendimentos e Participações S.A., localizada na MS-240, no município de Paranaíba, cuja unidade, porém, está mais próxima da cidade de Inocência.  


Além de Inocência e Paranaíba, a planta também poderia ficar localizada na cidade de Aparecida do Taboado. Nestes três municípios, a Arauco mantém florestas plantadas.  


Os sinais de que a empresa chilena pretendia expandir suas ações na região começaram a ser dados no fim do ano passado, quando a Mahal (subsidiária da Arauco) foi ao mercado para emitir R$ 150 milhões em Cédula de Produto Rural (CPR) por meio do Banco Safra.  


O objetivo seria financiar a expansão de florestas plantadas, adotando, inclusive, práticas ESG (Enviromental, Social e Governance – Ambiente, Social e Governança, na tradução livre), que tem sido cada vez mais cobrada por investidores.  


A Mahal, atualmente, já fornece eucaliptos para a unidade processadora de celulose da Bracel, localizada em Lençóis Paulista (SP). A possibilidade de uma parceria entre Arauco e Bracel não é descartada.  


No Brasil, o grupo chileno Arauco tem unidades em Piên e em Jaguariaíva (850 mil m³/ano), ambas no Paraná. No município de Araucária (PR), região metropolitana de Curitiba, mantém uma planta química industrial (142 mil toneladas/ano), produzindo resinas e outros produtos, para comercialização e para abastecer suas unidades industriais de painéis no Paraná.


A multinacional chilena conta com indústrias de celulose, papel e derivados de madeira no Chile, na Argentina, no Uruguai, no Brasil e no México.


CELULOSE EM MS

Atualmente, a maior planta de celulose em operação em Mato Grosso do Sul é a planta 2 da Suzano, em Três Lagoas, com capacidade de processar 1,9 milhão de toneladas de celulose por ano.  


A segunda maior fábrica é a planta 1 da Eldorado Brasil, com capacidade de 1,7 milhão de toneladas. A planta 1 da Suzano, também em Três Lagoas, tem 1,3 milhão de toneladas de capacidade.  


A planta de Ribas do Rio Pardo, em construção pela Suzano, terá capacidade, quando concluída, de processar 2,55 milhões de toneladas. O investimento em sua instalação supera R$ 16 bilhões.  


A expectativa de Reinaldo Azambuja é de que a nova planta a ser anunciada supere em capacidade a de Ribas.  


ELDORADO

O Correio do Estado também apurou que Mato Grosso do Sul ainda tem no radar mais uma nova planta de celulose. Seria a segunda unidade processadora da Eldorado, com capacidade para processar aproximadamente 2 milhões de toneladas ano.  


A empresa, controlada pelo grupo J&F, já tem florestas plantadas suficientes para atender a nova unidade. Ela só não coloca o plano em operação porque aguarda a resolução da disputa judicial e extrajudicial (na corte arbitral) pelo controle da empresa.  


O grupo de capital indonésio Papel Excellence, que tem 49% das ações, reivindica o controle, o que trava os planos da holding J&F, a mesma que controla os frigoríficos JBS e empresas financeiras como o Banco Original e a fintech PicPay. 


27,2 mil empregos no setor

Levantamento da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro) aponta que o setor florestal de Mato Grosso do Sul é responsável pela geração de 27,2 mil empregos, sendo 14.901 diretos e 12.312 indiretos.


Com informação do Portal correio do Estado


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