sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Biotecnologia é caminho para agricultura sustentável

 


1º Fórum Brasil-China de Biotecnologia, Agricultura e Sustentabilidade

Por:  -Leonardo Gottems


A biotecnologia é a ferramenta essencial para a agricultura sustentável, pois permite a expansão da produção sem um aumento proporcional do uso de recursos. Esse foi o consenso ao qual chegaram representantes brasileiros e chineses no 1º Fórum Brasil-China de Biotecnologia, Agricultura e Sustentabilidade, organizado pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) e patrocinado pela Bayer.



O presidente da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Celso Moretti, propôs o aumento no número de pesquisadores brasileiros na China. Por sua vez, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, sugeriu a intensificação da cooperação bilateral no desenvolvimento e industrialização de sementes, o que exigiria pesquisa conjunta, transferência de tecnologia e capacitação de recursos humanos.


Moretti salientou que a Embrapa fomenta a biotecnologia principalmente porque ela reduz a necessidade de agroquímicos, de área plantada e de utilização de maquinário. Por outro lado, fomenta o plantio direto, proporcionando redução de emissões de carbono. Moretti observou que em cinco décadas, o Brasil expandiu a produção de soja em 509%, mas só ampliou a área plantada em 100%. 


O encarregado de Negócios da Embaixada do Brasil em Pequim, Celso de Tarso Pereira, ressaltou a necessidade de o Brasil estar atento a padrões internacionais cada vez mais estritos em questões ambientais, lembrando que a União Europeia acabou de aprovar legislação que restringe a importação de produtos ligados ao desmatamento. 


O diplomata observou que a biotecnologia pode contribuir no processo de redução das emissões do setor agropecuário. Segundo ele, um exemplo disso é um suplemento alimentar aprovado recentemente no Brasil que reduz as emissões de metano de rebanhos de gado -uma das principais fontes de emissão de gases efeito estufa do Brasil.


O uso de ativos de base biológica para o controle de pragas e doenças foi defendido pelo secretário adjunto de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Cléber Soares, que também propôs a exploração econômica sustentável de recursos genéticos. 


“O Brasil detém em torno de 20% da diversidade do planeta e quando nós olhamos isso em termos de oportunidade, é inimaginável a capacidade para formação de recursos genéticos dentro de uma lógica de conservar para inovar. É possível agregarmos mais valor de forma sustentável”, disse ele.


Professor da Universidade Federal de Viçosa, Aluízio Borém mencionou a cooperação no setor acadêmico e disse que a instituição que integra discute o assunto com a Universidade de Nanjing, na China. “A legislação brasileira está atenta às inovações no campo da biotecnologia, facilitando que grandes e pequenas empresas, bem como instituições de pesquisa, possam desenvolver novas soluções com segurança e previsibilidade. Nossa lei é moderna, porém rígida”, afirmou. 


“Os membros da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) analisam todos os aspectos, há embate de ideias e clareza nas decisões que liberam os novos eventos de modificação ou edição genética. Temos mais de 100 variedades aprovadas de OGM, e outros produtos estão em avaliação, sempre visando benefícios econômicos e para o meio ambiente”, acrescentou.

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