O guaranazeiro é uma planta nativa da Amazônia. A produção nacional ocorre em sete estados e em um total de setenta municípios, sendo que os estados da Bahia, Amazonas e Mato Grosso, representam cerca de 93,5% da produção nacional. Agora o Brasil anuncia a primeira cultivar de guaraná propagada por sementes. Antes era posível somente pelo método de estaquia, aquele que consiste no plantio de pequenas estacas de caule, raízes ou folhas que, plantados em um meio úmido, desenvolvem-se em novas plantas.
A BRS Noçoquém foi desenvolvida pelo Programa de Melhoramento Genético do Guaranazeiro, da Embrapa Amazônia Ocidental (AM). O nome, de origem indígena, faz referência a um lugar encantado, citado na lenda que conta a origem do guaraná na mitologia dos povos indígenas da etnia Sateré-Mawé.
Além de aumentar em mais de sete vezes a produtividade anual, alcançando 2,3 kg/planta enquanto 0,3 kg/planta é a média do estado do Amazonas, a cultivar possui resistência à principal doença que afeta o guaranazeiro, a antracnose. Com a opção de propagação por semente, espera-se aumentar a quantidade de produtores dedicados à essa cultura e expandir a área plantada no estado do Amazonas.
Com as variedades clonais, é necessário credenciar viveiristas para a produção das mudas, uma vez que a técnica de estaquia precisa de mais cuidados e aumenta o custo para o produtor. “A forma de reprodução por sementes possibilita ao produtor fazer suas próprias mudas para expansão dos cultivos, após receber o lote de sementes básicas da cultivar”, ressalta o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, André Atroch. Da mesma forma, a produção de mudas em viveiros licenciados é mais fácil e econômica, diminuindo o preço de venda para o produtor rural.
O período da formação da muda de guaraná por sementes é de aproximadamente 12 meses, desde a coleta ou aquisição das sementes até o plantio definitivo no campo. Segundo Atroch, os cuidados necessários para a formação de uma boa muda são os mesmos para a produção de espécies frutíferas, ou seja, manter as mudas sempre com bom suprimento de água e algumas adubações no decorrer da sua formação. No caso dessa cultivar, o sistema tradicional do produtor no Amazonas com viveiros com cobertura de palha e irrigação por molhamento são suficientes para formar uma boa muda da BRS Noçoquém.
A alta produtividade da nova cultivar foi comprovada nas avaliações realizadas nos campos experimentais da Embrapa Amazônia Ocidental em Maués e Manaus, quando foi verificada uma produtividade média de 2,3 kg/planta/ano de sementes, enquanto a média no estado é de cerca 0,3 kg/planta/ano. Análises realizadas nas sementes colhidas apontam também um bom nível de cafeína, com teores entre 4% e 5%.
A nova cultivar também passou por avaliação em áreas de produtores por meio de Unidades de Observação nos municípios de Urucará, São Sebastião do Uatumã, Maués, Parintins, Silves, onde apresentaram as mesmas características obtidas nos campos.
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