Os veículos estão autorizados a transportar até 70% da capacidade
Gabrielle Tavares
Mesmo durante semana de restrições em Campo Grande, quando só podem funcionar serviços essenciais, o transporte público na Capital continua lotado. Em imagens enviadas por leitores, os passageiros aparecem apertados dentro dos ônibus.
De acordo com decreto municipal, atualmente os veículos estão autorizados a transportar até 70% da capacidade. O leitor, que preferiu não se identificar, explicou que as imagens são da linha 070, mesma que pega todos os dias, sempre lotado.
Outra usuária do transporte, a estudante Beatriz Brites Prado, de 20 anos, depende do transporte coletivo para ir para o estágio quatro dias por semana. Por trabalhar em um dos serviços considerados essenciais, não parou na semana passada, quando os feriados foram antecipados. Neste período, ela só percebeu diminuição de passageiros em linhas com frotas curtas, como 411, 205, 052.
"Mas as frotas com caminhos mais longos continuaram com número alto de passageiros. Inclusive com passageiros viajando em pé, pois todos os bancos estavam ocupados". Na última semana, a frota contou com 127 carros durante o feriado, em dias úteis da pandemia funciona com 370 veículos.
A estudante carrega consigo álcool em gel e sempre faz uso das regras de biossegurança, mas relatou que mesmo assim se sente exposta ao usar as linhas. "Me sinto totalmente desprotegida e com medo constante, apesar de andar com álcool 70 na bolsa e passar toda hora, não sei quem sentou naquele banco antes de mim e se essa pessoa também está se cuidando".
"Muitas vezes sentei em um banco com alguém do lado, por estar cansada, mas vem um sentimento de culpa por estar tão perto de alguém no transporte coletivo. É um misto de sentimentos: preciso e quero trabalhar, mas ter que se arriscar é uma realidade também", lamenta.
O medo do transporte na pandemia não é exclusivo de Beatriz, segundo levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Resultado (IPR), a pedido do Correio do Estado, 89,94% dos passageiros têm algum tipo de medo ao circular pela cidade nos ônibus do Consórcio Guaicurus por conta da Covid-19.
Os entrevistadores também questionaram os usuários sobre quais os responsáveis pelos problemas enfrentados diariamente por quem utiliza o serviço público, como lotação, atrasos, má conservação dos veículos, qualidade dos pontos e tempo de viagem. Para 47,17%, a culpa é do próprio Consórcio Guaicurus, enquanto que para 46,23%, a responsabilidade é da prefeitura.
Além disso, 80,19% acredita que o Consórcio Guaicurus não se preocupa ou tem desprezo total pelos passageiros em Campo Grande. Quanto aos problemas, a superlotação foi apontada como o pior deles por 14,15%.
Foram ouvidas por telefone 318 pessoas, entre os dias 18 e 19 de março. A margem de erro é de 5,5% para mais ou para menos.
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