segunda-feira, 30 de março de 2020

Campo Grande encomenda respiradores, mas sem previsão de chegadas

                                           Foto: Bruno Henrique / Correio do Estado
Daiany Albuquerque

A Prefeitura de Campo Grande comprou, em regime de urgência, 150 respiradores, medida para ampliar a oferta de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na Capital. Além disso, a administração municipal, em parceria com o governo do Estado, também contingenciou 70 leitos de UTI em hospitais públicos e privados.

As ações estão sendo tomadas para se antecipar à procura pelos leitos em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Em Campo Grande, já são mais de 20 casos confirmados, e no Estado o número passa de 30. Nenhuma morte foi registrada até o momento em Mato Grosso do Sul, entretanto, já há pacientes internados.

De acordo com o secretário municipal de Saúde, José Mauro de Castro Filho, a compra, porém, ainda não foi confirmada e pode nem ser efetivada por conta do contingenciamento dos equipamentos feito pelo Ministério da Saúde. “Não sabemos se vamos mesmo receber esses equipamentos”.

Além dos respiradores, a saúde também reservou leitos na Santa Casa, no Hospital Regional Rosa Pedrossian, no Proncor, no El Kadri e na Clínica Campo Grande, totalizando 70 leitos de UTI.

Tomando como base o que o secretário chama de epicentro no Brasil, os números de São Paulo tem alarmado a administração local, que afirma que diariamente tem estudado o cenário da Capital para tomar medidas, muitas vezes duras.

LEITOS

Atualmente, a Capital tem 286 leitos de UTI, estima o titular da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau). Com o contingenciamento dos 70 leitos que eram usados para cirurgias eletivas e, caso cheguem os 150 respiradores comprados, a cidade pode contar com 500 leitos de UTI.


ESTRUTURA

O plano da Sesau é usar toda a estrutura dos hospitais da Capital, tanto os que estão funcionando quanto outros que estão fechados. “A rede particular tem muitos leitos ociosos. Alguns hospitais particulares que não são de urgência já avaliavam a possibilidade de dar férias coletivas para os funcionários, mas já foi conversado e todos estão alerta para  o caso de uma possível necessidade”.

Além dos leitos em hospitais, a Prefeitura de Campo Grande montou um Centro de Triagem no Parque Ayrton Senna, no Bairro Aero Rancho. O local tem capacidade para atender 800 pessoas por dia. O espaço iniciaria os atendimentos na semana passada, entretanto, a administração preferiu retardar a abertura para o momento em que haja maior procura de casos suspeitos.


O local terá 120 profissionais, entre médicos, enfermeiros e outros, atuando diariamente, das 8h às 20h, com separação para pessoas com febre, idosos e casos mais leves.

Profissionais da saúde

Paralelamente ao planejamento de leitos de internação, a Secretaria também tem pensado nos profissionais da saúde, que atuarão diariamente no tratamento dos pacientes com o novo coronavírus. Para isso, a prefeitura já pensa em uma forma de isolar essas pessoas do convívio familiar, para evitar o contágio. De acordo com Castro, ele está fora de casa há uma semana.

A prefeitura já fez um levantamento para saber quantos apartamentos de hotéis estariam disponíveis para alocar funcionários da saúde pública, para que eles também não precisem voltar para suas casas. “A Secretaria de Turismo já fez um levantamento de custos e alguns hotéis disponibilizaram esses leitos para os profissionais da saúde, seriam em torno de 1.700 pessoas, por enquanto”, explicou. A estratégia, entretanto, não está em vigor porque, conforme Castro, ainda não há necessidade de a medida ser tomada.


DESPESAS COM EPIs

“Antes da Covid-19, nós tínhamos um orçamento de R$ 5 milhões para EPIs e até agora nós já gastamos R$ 13 milhões”, disse o secretário municipal de Saúde, José Mauro de Castro Filho. Segundo ele, por dia, só para a saúde, “são necessárias 8 mil máscaras, o estoque que a gente tinha acabou em duas semanas e agora não é mais só a saúde que precisa delas, são servidores da segurança pública e de outros setores que nunca usaram antes”.

A última caixa que a Secretaria comprou custou R$ 220, com 50 máscaras. Antes, era R$ 3,50 cada. Por isso eles estão fabricando a própria máscara, que será atestada por universitários e encaminhada para postos de saúde e hospitais públicos.

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