quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Pagamento de atrasados da Minerworld será parcelado e pode demorar até 2 anos

Guilherme Cavalcante


Empresa que afirma minerar bitcoins no Paraguai e na China, a Minerworld anunciou a seus associados, no último dia 31 de janeiro, o plano de liquidez que promete quitar os atrasos de repasses de lucros, reportados desde outubro. No entanto, quem optar por receber os valores à vista terá que se contentar com o 'mcash', a criptomoeda criada pela empresa, conforme comunicado enviado pela empresa a seus associados.

De acordo com a Minerworld, foram disponibilizadas três modalidades de quitação possíveis, com início de pagamento da primeira parcela a partir do próximo dia 16 e até o dia 23 de fevereiro. O primeiro deles, com liquidação à vista do contrato, pagará valor integral dos lucros, porém, somente em mcash, e não em bitcoin.

A segunda prevê pagamento de metade dos lucros em mcash à vista e metade em bitcoin parcelada em 12 meses. Já a terceira modalidade promete repassar os rendimentos 100% em bitcoin, porém, os investidores que optarem por esta forma de pagamento amargarão um parcelamento em 24 prestações mensais, ou seja, dois anos para receber seus rendimentos.
O comunicado também informa que "o pagamento será feito de acordo com as parcelas em dólar, de acordo a cotação do bitcoin no dia", mas não deixa claro se a cotação do bitcoin adotada será a do dia em que o associado optar por um plano de pagamento ou se a cotação levará em conta o valor do bitcoin em dólar no dia em que o pagamento da parcela for executado.

A reportagem questionou a empresa sobre esta informação, mas até o momento não recebeu resposta.

Nova plataforma e polêmica
Para receber os valores atrasados, a empresa criou uma nova plataforma - a Miner.360 - que, segundo a Minerworld, permitiria o auditamento das quantias a serem pagas, processo que deve ser concluído até o dia 12 de fevereiro. Quem não fez o registro na Miner.360 até o último dia 31 de janeiro, no entanto, só terá acesso novamente para a área de cadastro a partir do dia 13, conforme anúncio da empresa, e terão pagamento da primeira parcela ou do valor único no mês subsequente.

O plano de liquidez também reacende a polêmica em torno da credibilidade da empresa - que é investigada pela PF sob supeita de funcionar em esquema de pirâmide financeira - já que prevê pagamento em mcash. É que a criptomoeda criada pela empresa não tem relevância ou valor cambial significativo no mercado de moedas virtuais. Além disso, a estratégia de pagamento dos passivos anunciada nas última semanas é apontado por especialistas em crimes contra a economia popular como um 'restart', ou seja, tentativa de dar sobrevida ao suposto golpe, bastante comum em esquemas de pirâmide.


Vale destacar que a empresa também sofreu parecer desfavorável do CVM (Comitê de Valores Mobiliários) após a entidade identificar indícios de crime contra a economia popular. A Minerworld afirma não ter sido notificada pelo MPF (Ministério Público Federal) acerca de qualquer investigação que eventualmente esteja sendo executada. O plano de liquidez da empresa é anunciado poucos dias depois do que teria sido a inauguração da primeira fazenda de mineração da Minerworld em Hernandarias, no Paraguai - a Minertech - no último dia 28. Além dessa, haveria mais quatro unidades - não comprovadas - na China, totalizando cinco fazendas de mineração vinculadas à empresa.

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