Nesta segunda-feira (29), uma das maiores intérpretes brasileiras completa 70 anos de idade. Registrada com o nome Astrud Evangelina Weinert, essa baiana por parte de mãe e alemã por parte de pai tornou-se Astrud Gilberto, cantora de jazz e bossa nova de renome internacional.
Nascida em 29 de março de 1940, na capital baiana, Astrud saiu de Salvador ainda muito nova e mudou-se para o Rio de Janeiro onde, já em meados dos anos 50, mostrava seu interesse pela música, se apresentando em pequenos bares. Foi quando conheceu o "pai da Bossa Nova", João Gilberto. Apaixonaram-se e não demorou muito para o casamento, que aconteceu em 1959.
Junto com o marido, Astrud se mudou em 1963 para os Estados Unidos, onde reside até hoje. Já fora do Brasil, participou da gravação do emblemático disco Getz/Gilberto em 1963, com o saxofonista Stan Getz e o músico Tom Jobim. Sua estreia profissional acontecia ali, na canção que lhe tornaria mais reconhecida: a versão, em inglês, de Garota de Ipanema, que venceu o Grammy de Melhor Canção em 64.
A ideia de Astrud cantar veio do próprio marido que, sem conseguir interpretar a música de Tom e Vinícius em inglês, chamou a mulher. Porém, durante as apresentações do grupo, descobriu que Astrud tinha medo do palco, o que não lhe tirou o mérito de ser um nome forte no jazz americano e na bossa nova.
Separada de João Gilberto em 1964, Astrud permaneceu nos EUA, como crooner do grupo de Getz e solista, lançando diversos discos. Entre outros clássicos, podemos incluir canções como The Shadow of your Smile, It Might as Well be Spring, Fly Me to the Moon, Look to the Rainbow e Love Story. Já no primeiro disco solo, The Astrud Gilberto Album, a cantora tornou-se um sucesso de vendas e crítica. Além disso, fez rápida participação nos filmes The Hanged Man e Get Yourself a College Girl, ambos de 1964. A ligação com o cinema se estendeu na trilha de Chamada para um Morto (1967), produzida por Quincy Jones, na qual interpretou a canção Who Needs Forever? no longa do diretor Sidney Lumet.
Com participação em inúmeros programas de TV na Europa, Japão e África, Astrud chegou ao auge da carreira nos anos 70, quando lançou dois álbuns de sumária importância: Astrud Gilberto Now (1972) e That Girl From Ipanema (1977), que conta com a canção Far Away, interpretada em dueto com o mito e ídolo da juventude da cantora: o trompetista Chet Baker. Em 1976, Astrud conquistou um prêmio no Festival de Música de Tóquio com a canção Live Today e consolidou sua carreira, dessa vez como compositora dez anos depois com o álbum Astrud Gilberto Plus The James Last Orchestra.
Nos anos 80, Astrud criou sua própria banda e saiu em turnê mundial, mesma época em que formou sua própria produtora, a Gregmar, lançando discos nos EUA, Europa e Ásia. Em 1992, recebeu o Latin Jazz USA Award for Lifetime Achievement e, em 1996, gravou com o cantor George Michael a clássica canção do ex-marido João Gilberto, Desafinado, que entrou na coletânea Red Hot + Rio.
Em 2002, um ano após sua decisão de retirar-se da vida pública, Astrud foi incluída no International Latin Music Hall of Fame e lança o box Jungle, com obras de autoria própria, além de dez novas composições. Em 2008, recebeu o prêmio Lifetime Achievement no Grammy Latino de 2008, pela importância de sua obra. Atualmente, permanece fora da vida pública, dedicando-se à pintura e à escrita, além de repudiar firmemente, em seu site oficial, os maus-tratos aos animais.
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