terça-feira, 24 de julho de 2018

Bolsonaro rejeita proposta de militar para ampliar espaço de civis no governo


FolhaPress                          Foto:Divulgação

Um dia após ser oficializado candidato à Presidência, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) falou nesta segunda-feira (23) à sua principal base no Clube da Aeronáutica. Foi da audiência que surgiu uma proposta que ele, educadamente, rejeitou: ampliar o espaço para civis em seu eventual governo.

O ex-comandante da Aeronáutica tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista sugeriu ao presidenciável que não nomeasse militares em seu primeiro escalão, inclusive no Ministério da Defesa.

"Mostre à sociedade civil que não é difícil compor um quadro administrativos com civis gabaritados. Conhecedores e frequentadores dos nossos códigos de boa conduta. Desde a vice-presidência até os ministérios e secretarias", disse o militar reformado.

"Também para o Ministério da Defesa, entregando-o a um civil de grandes predicados morais e éticos, encarregado de integrar as três Forças. Para nós importa que o Estado-Maior conjunto seja bem conduzido e prestigiado, orientando-nos bem para o cumprimento de nossas atividades constitucionais", afirmou ele.

Bolsonaro tem dito que vai nomear um general quatro estrelas na Defesa. Também já declarou que pode vir a ter um primeiro escalão composto em sua metade por militares, tendo mencionado as pastas de Educação e Ciência e Tecnologia, além da própria vice-presidência, ainda indefinida.

A sugestão foi classificada pelo tenente-brigadeiro como "recomendações".

Embora não tenha dito, ele externa a preocupação de uma fração militares da Marinha e Aeronáutica com a nomeação de um oficial do Exército para o comando das Forças Armadas. Ainda que não haja atrito, há incômodo histórico com a escolha de um nome de uma das corporações para comandar todas.

O atual ministro é o general Joaquim Silva e Luna. Foi o primeiro militar nomeado para o posto desde a sua criação, em 1999, no governo Fernando Henrique Cardoso.

Baptista foi comandante da Aeronáutica no governo FHC, ministro do STM (Superior Tribunal Militar) e presidente do Clube da Aeronáutica. Seu filho, tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, ocupa o cargo de chefe de Operações Conjuntas do atual Ministério da Defesa.

"Acho que [a recomendação] representa um pensamento forte na Força Aérea Brasileira na ativa e na reserva. Por que militares devem ocupar espaço no Executivo?", disse ele.

Bolsonaro não respondeu à pergunta, mas em entrevista após a palestra rejeitou a "recomendação".
"Respeito muito o brigadeiro. Tenho uma profunda amizade com ele e seu filho. Agora eu não abro mão de ser um quatro estrelas no Ministério da Defesa. Tem que colocar quem conhece lá e valoriza nossa gente", disse Bolsonaro, capitão reformado do Exército.

O deputado afirmou ainda que pode escolher um militar da ativa para ocupar a vice em sua chapa -membros das Forças podem deixá-las para se filiar até o fim do prazo das convenções partidárias.

Outros dois militares já foram cotados para o posto: o general Augusto Heleno (PRP) e o general Antônio Hamilton Mourão (PRTB). O primeiro foi descartado por falta de acordo com o partido, o segundo ainda segue negociação com sua sigla.

O presidenciável disse ainda que aguarda a decisão da advogada Janaína Paschoal para ser a vice em sua chapa. Segundo ele, há "50%" de chances dela aceitar o convite.

Ele voltou a minimizar as discordâncias que Paschoal manifestou em discurso ao comportamento de seus seguidores. Ela disse que os adeptos da candidatura de Bolsonaro buscam o "pensamento único".

"O importante é que ela tem a sua opinião. Tem seu ponto de vista, tem que ser respeitada. Ninguém quer cordeirinho do nosso lado", disse ele.

Em discurso no Clube da Aeronáutica, ele defendeu a presença de um colégio militar em cada estado. Apontou São Paulo como um local em que seria instalado um "supercolégio" militar.

Baptista também sugeriu a Bolsonaro a reativação do SNI (Serviço Nacional de Informações) "seja no nome que for, nos moldes do que existiu até 1990".

"Se não o tivessem desativado, teriam os presidentes da República permitido, salvo por interesse pessoal, o locupletamento de tantos cargos em comissão por interesses tão espantosamente espúrios?", disse o brigadeiro reformado.

O SNI foi o órgão de inteligência durante a ditadura militar vinculado à Presidência da República. Foi substituído pela Abin (Agência Brasileira de Informação).

O candidato do PSL foi evasivo em relação a essa proposta. "Precisa ser nos moldes que produza informações e processe informes", afirmou ele.

Um comentário:

rodrigues disse...

Acho que em.partes devo concordar com.bolsonaro pois em regime presidencialista quem manda é o presidente.