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terça-feira, 30 de janeiro de 2018
De jovem promessa a goleiro consagrado: a trajetória de Julio Cesar
Gazetapress Foto:Djama Vassão Flamengo Divulgação
Depois de 14 anos e muitas conquistas, Julio Cesar está de volta ao Flamengo, clube que o revelou para o futebol. Nesta segunda-feira, o novo camisa 12 do Rubro-Negro assinou contrato de três meses para realizar o sonho de se aposentar no clube do coração, onde começou sua carreira aos 17 anos. Hoje, com 38 anos, o goleiro volta ao futebol brasileiro com a experiência de ter jogado na Europa e na América do Norte, além de ter defendido a Seleção Brasileira entre 2002 e 2014.
Início no Flamengo e chegada à Seleção
Natural de Duque de Caxias (RJ), Julio Cesar chegou à Gávea em 1991, aos 12 anos, e integrou as categorias de base do clube até 1997, quando fez seu primeiro jogo pelo profissional. Na ocasião, pela taça Juiz de Fora, Flamengo e Botafogo empataram por 0 a 0. Após anos jogando esporadicamente, assumiu a titularidade da equipe em 2000.
Em 2002, veio a primeira convocação para a Seleção Brasileira, mas o goleiro não entrou em campo. A estreia de Julio Cesar com a amarelinha foi em 2004, na Copa América, contra o Chile. Na final do campeonato, contra a Argentina, o camisa 1 foi decisivo na decisão por pênaltis, defendendo a primeira cobrança e encaminhando o título brasileiro, o primeiro dele pela Seleção.
Como titular do Flamengo, que defendeu em 284 partidas, conquistou três Campeonatos Cariocas e uma Copa dos Campeões. No mesmo período, pela Seleção Brasileira, foi reserva na Copa das Confederações em 2003 e titular na Copa América de 2004, na qual foi importante para o título.
Chegada conturbada à Itália
As boas atuações pelo Flamengo e pelo Brasil despertaram interesse no futebol internacional. Em janeiro de 2005, Julio Cesar foi negociado pelo Flamengo com a Internazionale-ITA. No entanto, devido a restrições de estrangeiros que vigorava no Campeonato Italiano, a Inter teve de emprestá-lo ao Chievo, também da Itália, até o final da temporada, em junho.
Na temporada seguinte, de volta do empréstimo, Julio Cesar tomou titularidade de Francesco Toldo, ídolo da Inter e goleiro de duas Copas do Mundo pela Itália. O goleiro se firmou na equipe e conquistou o primeiro dos cinco Campeonatos Italianos que viria a levantar.
Ao final da temporada, Julio Cesar foi convocado por Carlos Alberto Parreira para a Copa do Mundo na Alemanha. Na ocasião, foi reserva de Dida e Rogério Ceni e não entrou em campo.
Auge na Inter e na Seleção
Depois de se firmar como titular da Inter de Milão, a carreira de Julio Cesar decolou junto com a. A Inter estabeleceu um domínio absoluto no futebol italiano, no qual viria a conquistar outros quatro campeonatos consecutivos.
Em 2009, agora como titular absoluto da Seleção Brasileira, o goleiro foi campeão da Copa das Confederações, na África do Sul. Também em 2009 veio o primeiro prêmio individual em sua carreira. O goleiro foi eleito o melhor da posição no Campeonato Italiano de 2008-09.
Mas foi na temporada 2009-10 que ele se colocou entre os melhores goleiros do mundo. Comandada por José Mourinho, a Inter conquistou a tríplice coroa: outro Campeonato Italiano, a Copa da Itália e a terceira Liga dos Campeões da história do clube. Ele também foi eleito o melhor goleiro da Itália, da Europa e do Mundo.
Ao final da temporada, Julio Cesar disputou sua segunda Copa do Mundo, a primeira como titular, mas o resultado não foi o planejado. A atuação do goleiro nas quartas de final, na qual o Brasil foi eliminado pela Holanda, foi fortemente criticada.
Decadência e saída da Inter
Após a atuação abaixo do esperado na Copa do Mundo, a carreira de Julio Cesar tomou outro rumo. Na temporada 2010-11, a Inter viu o Milan, seu maior rival, conquistar o Campeonato Italiano e foi eliminada da Liga dos Campeões ainda nas quartas de final, pelo Schalke 04 da Alemanha.
No final da temporada, o goleiro teve outra decepção defendendo a Seleção Brasileira. Na Copa América, o Brasil fez fraca campanha, sendo eliminado ainda nas quartas de final pelo Paraguai, nos pênaltis. A partida da eliminação foi também a última convocação do goleiro por Mano Menezes.
Na temporada seguinte veio o maior baque de sua carreira até então. Após fraca campanha da Inter no Campeonato Italiano, na qual a equipe de Milão terminou na sexta posição e sofreu 55 gols, a Julio Cesar, que já havia perdido seu lugar entre os melhores do mundo, perdeu sua vaga na equipe. O esloveno Handanovic, contratado junto à Udinese, tomou a titularidade do brasileiro, que anunciou sua saída da equipe ao final da temporada.
Transferência para a Inglaterra e retorno à Seleção
Fora dos planos da Inter, Julio Cesar assinou com o Queens Park Rangers, da Inglaterra, no início da temporada 2012-13. O brasileiro reencontrou o bom futebol e teve boas atuações, mas não conseguiu evitar o rebaixamento do clube à segunda divisão inglesa.
O bom futebol apresentado na Inglaterra coincidiu com a troca de comando na Seleção Brasileira. Com a demissão de Mano Menezes, Luiz Felipe Scolari assumiu e incluiu Julio Cesar logo em sua primeira convocação. Em junho de 2013, o goleiro foi eleito o melhor da função na Copa das Confederações, vencida pelo Brasil no Maracanã.
Dificuldades no QPR e passagem pelo Canadá
As boas atuações na temporada anterior e a grande apresentação na Copa das Confederações não impediram o técnico Harry Redknapp de barrar o brasileiro. O treinador deu a Robert Green o posto de titular do QPR e Julio Cesar teve de amargar a reserva. Mesmo assim, ainda era o homem de confiança de Felipão na Seleção.
No decorrer da temporada, no início de 2014, o goleiro foi emprestado ao Toronto FC, clube canadense que disputa a MLS, a Liga Americana de Futebol. Na América do Norte, mesmo com o futebol em patamar abaixo do europeu, o brasileiro teve o tempo de jogo necessário para chegar à Copa do Mundo em bom nível.
7 a 1 e recomeço no Benfica
Na Copa do Mundo de 2014, Julio Cesar viveu em seu país o pior momento de sua carreira. Após boas atuações no decorrer da competição, incluindo a decisão nos pênaltis contra o Chile na qual defendeu duas cobranças, o goleiro sofreu os sete gols da goleada da Alemanha sobre o Brasil, na semifinal. A partida seguinte, a derrota por 3 a 0 contra a Holanda, representou o triste fim de sua carreira pela Seleção.
Mesmo após a derrota histórica, o brasileiro foi contratado pelo Benfica, de Portugal. No clube português, o goleiro reergueu a carreira, conquistando o campeonato nacional na temporada 2014-15 e sendo eleito o melhor arqueiro da competição.
Em 2015-16, Julio Cesar foi novamente importante para o Benfica, que novamente se sagrou campeão português. Mas com a lesão sofrida em março, o também brasileiro Ederson, que o substituiu, firmou-se como goleiro da equipe.
Na temporada seguinte, 2016-17, Julio Cesar foi o principal reserva de Ederson, que se colocou entre os melhores goleiros brasileiros. Com a venda do titular para o Manchester City, ao final da temporada, Julio Cesar voltou ao posto de titular, mas logo foi preterido pelo jovem Bruno Varela. Em novembro de 2017, anunciou a rescisão de seu contrato com o Benfica.
Retorno ao Flamengo
Quando tudo parecia indicar a aposentadoria, o Flamengo anunciou a contratação de Julio Cesar por três meses em janeiro de 2018. Para o clube, é um nome à altura enquanto Diego Alves se recupera aos poucos de lesão. É a oportunidade de encerrar a carreira no clube que ama e que o revelou para o futebol.
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