quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Cine Café realiza a partir de hoje a mostra Cem Anos da Revolução Russa

   
                                         Foto:Ana Palma


O Cine Café realiza a partir de hoje (18) e segue até sexta-feira (20), às 19h, a Mostra Cem Anos da Revolução Russa, com curadoria de Gabriel Lima. Serão exibidos filmes clássicos russos, como “O Encouraçado Potemkin”, que revolucionou a linguagem audiovisual, especialmente no campo da montagem cinematográfica, além de “Nostalgia”, de Andrei Tarkovsky, e “A Balada do Soldado”, de Grigori Tchoukhrai, que abordam os dramas pessoais dos russos.

Gabriel é cineasta e produtor audiovisual formado pela Academia Livre de Cinema de São Paulo. Ele explica que o conceito narrativo que hoje se entende como universal foi criado pelo cinema russo. O cinema era patrocinado pelo governo soviético, mas os artistas conseguiram desenvolver um senso crítico ao regime, sem deixar que o governo dominasse o conteúdo artístico.

A mostra faz uma alusão aos cem anos da Revolução Socialista Russa, que deu origem à revolução industrial na Rússia, quando começou a produção cinematográfica no país. “O cinema russo se difere em relação às escolas de vanguarda da Europa, a estética é muito poética e ao mesmo tempo experimental, com muita qualidade, um ritmo diferente e uma construção audiovisual mais inquietante e interessante. É importante exibir esse tipo de filme, pois são raridades e o objetivo é promover o intercâmbio cultural. Como é um cinema de vanguarda, pode servir como referência artística para as pessoas”, diz.

O filme exibido na quinta-feira é o “Nostalgia” (1983) e quem ministra o debate logo após a exibição é uma das idealizadoras do projeto Cine Café, Kezia Miranda. “Esse filme fala sobre a jornada mística do poeta russo Andrei Gorchakov à Itália em busca de um novo modo de vida e para em um pequeno vilarejo ao norte da Itália. Vou debater a cultura e os efeitos da Revolução de 1917, porque a Rússia acabou por abrir as portas da revolução do proletariado na história de todos os países, então, como sou advogada, vou abordar o tema à luz do neoconstitucionalismo.”

De acordo com outro idealizador do Cine Café, o jornalista João Carlos Costa, a ideia da mostra é introduzir ao público a relação que o cinema e a revolução têm. “O cinema,em razão das suas características estéticas e formais, serviu como instrumento político e cultural na sociedade de massa. Dentro desse papel ele contribuiu para o inventário das utopias modernas. E a principal utopia da modernidade foi o movimento. Se olharmos atentamente para a modernidade ela é uma experiência de transformação intensa, em que tudo que era estável foi colocado em circulação. A imagem, a pintura, nossa relação com o espaço, tudo foi colocado em movimento. O cinema é a expressão mais sincera desse processo. Por isso foi dado a ele a missão de dar visibilidade ou forma às revoluções que aconteciam naquele momento”, diz.

Cine Café é um cineclube criado em agosto de 2016

Criado pelos idealizadores Kezia Miranda, Thiago Andrade, Déborah Wolsky, João Carlos Costa, Marcos Moro, Natanael Marques, Andreza Pelizaro, Deborah Nasser, Maria Fernanda Suppo e Thais Barros, o projeto surgiu a partir de uma conversa nas redes sociais e une duas paixões dos membros: café e cinema.

O objetivo é exibir obras de grandes diretores com destaque aos aspectos filosófico, político, estético e cinematográfico. Com caráter itinerante, pensa nas obras como objetos de reflexão, haja vista a existência de debates. Tudo acompanhado de uma xícara de café ou chá oferecidos pelos membros do cineclube.                                    

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