O ex-presidente Lula em sua caravana pela região Nordeste para angariar apoio na eleição em 2018 (Marlene Bergamo/Folhapress)
Abandono de reformas e aumento dos gastos públicos fariam a inflação disparar e o desemprego crescer, avalia consultoria sobre o cenário com as eleições
VejaHenrique Meirelles continua como ministro da Fazenda e tem reiterado o plano de reformas pelos próximos meses, mas o que aconteceria com o país se houvesse uma guinada na política econômica rumo ao populismo? É um cenário que hoje parece improvável, mas que se pode se materializar em pouco mais de um ano a depender do resultado da eleição presidencial de 2018. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva corre o risco de se tornar inelegível, mas, por ora, é o candidato que lidera as pesquisas de intenção de voto e que tem feito fortes críticas ao programa de reformas e ajuste fiscal de Michel Temer.
O desequilíbrio fiscal é o principal desafio a ser resolvido pelo próximo presidente do Brasil, independentemente do partido. O governo gasta mais do que arrecada desde 2014 e não deve voltar a ter superávits antes de 2021. Para que o país possa voltar a crescer de forma sustentada, com a retomada dos investimentos, será imprescindível lidar com esse problema. Mas as declarações de Lula sinalizam que ele escolherá o caminho oposto: acelerar os gastos públicos para tentar reaquecer a economia por meio de investimentos em infraestrutura e de crédito subsidiado dos bancos estatais. Outros potenciais candidatos também indicam que adotariam essa política, como Ciro Gomes e Jair Bolsonaro. “São candidatos que não vão se comprometer com as reformas porque isso não traz votos. Tampouco vão dizer com clareza como vão resolver o problema”, diz o economista Juan Jensen, sócio da consultoria 4E.
As consequências dessa política econômica foram estimadas pela consultoria. Sem recursos suficientes via arrecadação de impostos, restaria a esse hipotético governo Lula a alternativa de emissão de dívida e impressão de dinheiro para honrar tantos compromissos financeiros. Nesse cenário, o resultado seria o aumento gradual da inflação ao consumidor para 7% em 2019 até chegar a 15% em 2022. Hoje a taxa anual está em 2,71%, abaixo da meta oficial de 4,5%. O aumento dos preços ajudaria a inflar as receitas do governo. “Seria uma forma de o governo cobrir o rombo fiscal sem ter que cortar gastos nem aumentar os impostos. Na verdade, é um imposto mascarado”, diz Jensen. Para conter a disparada dos preços, o Banco Central seria obrigado a aumentar a taxa básica de juros para 10% ao ano em 2020 e até 17% em 2022.
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