quarta-feira, 24 de maio de 2017

Leandro Hassum será 'Trump brasileiro' em 'O candidato honesto 2'


G1                                     Foto:Reprodução


O candidato honesto", uma das comédias que transformaram Leandro Hassum no homem de ouro do cinema brasileiro, foi lançada dias antes de o país ir às urnas na tumultuada eleição de 2014. Naquela época, era difícil imaginar que as coisas poderiam ficar ainda mais desgovernadas na política nacional. Agora, no auge de uma das maiores crises do Brasil, o humorista se prepara para começar a filmar a sequência do filme, mas tem um problema:

"Estávamos com o roteiro pronto, mas infelizmente o Brasil, cada dia mais, cria novas versões. Certamente vamos ter que mexer no roteiro."

As filmagens começarão em outubro e a ideia é que, mais uma vez, a estreia aconteça às vésperas da eleição presidencial em 2018. O primeiro filme arrecadou R$ 25 milhões. Para o segundo, o sistema de consulta da Ancine (Agência Nacional do Cinema) mostra que a produção foi autorizada a captar R$ 6,65 milhões até o fim deste ano.

Um primeiro cartaz divulgado por Hassum nas redes sociais mostrava que o filme ia se chamar "O candidato honesto 2: O Impeachment", uma referência ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, aprovado em agosto do ano passado. Mas o lançamento acabou ficando para o ano que vem e, com as mudanças na política brasileira, o subtítulo foi descartado.

'Trump brasileiro'

A trama partirá de onde parou o primeiro filme. Acusado de corrupção, João Ernesto se entrega e vai preso. "Ele pega uma dessas penas de 400 anos, cumpre 4 e é solto, como acontece no Brasil", conta o roteirista Paulo Cursino. Mesmo cansado da política, o protagonista acaba aceitando o convite de um grande partido e consegue se eleger graças a sua sinceridade. O desgaste da política debatido no mundo inteiro vira piada na ficção.

"Ele será uma espécie de Trump brasileiro, que fala altas bobagens na campanha e, mesmo assim, é eleito. As pessoas estão tão cansadas da política que elegem alguém que fala barbaridade porque, pelo menos, ele é autêntico", explica Cursino, que acrescenta:

"A gente chegou em um nível de desgaste em que ninguém confia mais em ninguém e precisamos encontrar um caminho. O filme traz uma mensagem sobre isso."

Segundo o roteirista, o filme fará um "resumão" do período entre 2014 e 2018. "A gente está trabalhando agora em um exercício de futurologia. Vamos falar de corrida eleitoral, mas alguém consegue desenhar uma corrida eleitoral hoje?", questiona. "O roteiro está dependendo muito de como o Brasil vai ficar para ser feito."

O paralelo entre a comédia e a realidade é um dos artifícios do trabalho de Hassum, que também abordou o momento da economia brasileira em "Até que a sorte nos separe 3: A falência final" (2015). "A crítica social traz identificação com o público. No momento que o Brasil está vivendo, nada mais pertinente do que falar sobre isso", explica o ator.

Enquanto se prepara para rodar a sequência, Hassum filma "Chorar de rir", sobre um comediante em crise com a profissão. A previsão de estreia também é 2018.

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