quinta-feira, 3 de março de 2016

Delação de senador pode acelerar impeachment de Dilma





Documentos da delação premiada feita por Delcídio do Amaral (suspenso do PT) pouco antes de sair da prisão, em 19 de fevereiro, revelam que a presidente Dilma Rousseff (PT) tentou atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato por três vezes. A revista Istoé teve acesso às 400 páginas da delação e afirma que as revelações do senador complicam de vez a presidente e abrem caminho para apressar o processo de impeachment.

Conforme a publicação, está nas mãos no ministro Teori Zavascki decidir se a delação de Delcídio será homologada ou não. O depoimento foi feito para agentes da Polícia Federal antes da saída do senador da cadeia. Até o momento, a defesa de Delcídio nega que o senador fez acordo de delação.

A presidente Dilma tentou interferir na Lava Jato por três vezes, com ajuda do ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “É indiscutível e inegável a movimentação sistemática do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo e da própria presidente Dilma Rousseff no sentido de promover a soltura de réus presos na operação”, afirmou Delcídio na delação.

No depoimento, o senador teria revelado, ainda, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também atuou para ajudar investigados pela operação. Ele teria articulado o encontro entre Delcídio e Bruno Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, e que levou a prisão do senador, em 25 de novembro do ano passado.

Confira abaixo as três tentativas da presidente de interferir na operação:

A primeira investida do Planalto para tentar alterar os rumos da Lava Jato salta aos olhos pela ousadia: o encontro realizado em 07/07/2015 (18 dias após a prisão de Marcelo Odebrecht e Otávio Azevedo) entre Dilma, José Eduardo e o presidente do STF, Ricardo Levandowski, numa escala em Porto (Portugal) para supostamente falar sobre o reajuste de verbas do Poder Judiciário. A razão apontada pela Presidência é absolutamente injustificável... ...A razão principal do encontro, em verdade, foi a mudança nos rumos da Lava Jato. Contudo, a reunião foi uma fracasso, em função do posicionamento retilíneo do ministro Lavandowski, ao afirmar que não se envolveria.

Em virtude da falta de êxito na primeira investida, mudou-se a estratégia, que se voltou, então, para o STJ, José Eduardo esteve em Florianópolis em agenda institucional... ... A ideia era indicar para uma das vagas no STJ o presidente do TJ de Santa Catarina, Nelson Schaefer. Em contrapartida, o ministro convocado, Dr. Trisotto, votaria pela libertação dos acusados Marcelo Odebrecht e Otavio Azevedo. A investida foi em vão porque Trisotto se negou a assumir tal responsabilidade espúria. Mais um fracasso de José Eduardo em conseguir uma nomeação”.

  
Após os dois fracassos anteriores, rapidamente desenhou-se uma nova solução que passava pela nomeação de Marcelo Navarro, desembargador do TRF da 5ª Região, muito ligado ao ministro e presidente do STJ, Dr. Francisco Falcão. Tal nomeação seria relevante para o governo, pois o nomeado entraria na vaga detentora de prevenção para o julgamento de todos os Habeas Corpus e recursos da Lava Jato no STJ. Na semana da definição da nova estratégia, Delcídio do Amaral esteve com a presidente Dilma no Palácio da Alvorada para uma conversa privada. Conversaram enquanto caminhavam pelos jardins do Palácio e Dilma solicitou que Delcídio conversasse com o desembargador Marcelo Navarro a fim de que ele confirmasse o compromisso de soltura de Marcelo e de Otavio.

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