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sábado, 1 de junho de 2019
Trailer: Rocketman
Então, é tempo de cinebiografias musicais. Depois do sucesso de Bohemian Rapsody, filme que revisita um tanto contidamente a vida de Freddy Mercury, chegou a vez de Elton John ter um filme todo seu.
O processo de criação do filme de Dexter Fletcher teve a supervisão direta de um biografado, que está vivo e aceitou ser retratado na tela. Ainda assim, aparentemente, Elton não se furtou a deixar que fossem exibidos aspectos mais polêmicos de sua vida – sua complicadíssima relação com os pais (Bryce Dallas Howard e Steven Mackintosh), seus conflitos para aceitar a própria sexualidade, um relacionamento tóxico com o empresário John Reid (Richard Madden) e seu envolvimento com inúmeras drogas. Como o próprio Elton comentou em entrevistas, sua vida não é para menores.
O maior mérito do diretor Dexter Fletcher é juntar esse turbilhão de eventos vividos em alta voltagem numa embalagem que valoriza o plano musical acima de tudo. O filme apóia-se numa série de números bem coreografados e na inebriante música dos parceiros Elton e Bernie Taupin (Jamie Bell) – cuja amizade, com seus altos e baixos, ganha o merecido destaque ao longo da trama.
Nada disso ficaria de pé sem um intérprete à altura para o furacão Elton John – e Taron Egerton dá conta do recado com lucro (aliás, ter o ator Rami Malek no papel de Freddie Mercury é que fez com que olhássemos para outro lado enquanto os buracos na biografia saltavam naquele filme).
Em Rocketman, há um fluxo de energia correndo ao longo da história que faz com que se possa embarcar na viagem, empolgando-se com a trajetória de um garoto de modesta classe média britânica que descobriu precocemente seu talento musical, foi um tanto descuidado emocionalmente pelos pais – pai ausente, mãe um tanto maluca – mas teve a sorte de contar pelo menos com uma avó que o apoiou muito (Gemma Jones).
Rocketman, que empresta seu nome de um dos maiores sucessos do cantor e compositor britânico, numa carreira coroada por muitos, alinha essa biografia conturbada num todo coerente sem perder de vista que há um ídolo e um ser humano coexistindo no mesmo corpo. O filme tem vibração, colorido, boa encenação e interpretações que soam empenhadas – todo mundo parece um ser humano, mesmo por trás de todo o barulho. Assim sendo, uma sensação boa acompanha ao fim da sessão.
Neusa Barbosa
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