Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, na APTA Regional de Colina, busca um sistema de criação que permita novilhas precoces. A expectativa é que elas emprenhem em até 14-15 meses, quando o normal no Brasil é aos 24 meses.
As vantagens são a redução do tempo para prenhez das fêmeas e, consequentemente, maiores lucros aos produtores de gado de corte do Brasil, mantendo todas as práticas preconizadas de bem-estar animal. A tecnologia será lançada nesta quinta-feira (27).
O objetivo dos pesquisadores é que as novilhas desmamadas aos 180 kg atinjam 300 kg com até 15 meses de idade, momento que estariam prontas para ficarem prenhas, tempo 40% mais rápido do que a média alcançada pelos produtores brasileiros. "O ciclo de produção mais rápido reduz os custos da criação dos animais nas fazendas", afirma Laura Prados, pesquisadora que atua na APTA de Colina.
A produção precoce é alcançada com a utilização de suplementação na alimentação dos animais. Laura explica que para os estudos foram testados três tipos de estratégias: o confinamento dos animais e dois níveis de suplementação diferentes.
"Pesquisas como essa são muito importantes para toda a cadeia produtiva do agro, pois trazem soluções para problemas enfrentados no campo pelos produtores. A tecnologia ajuda na melhor remuneração dos produtores e traz vantagens para as indústrias frigoríficas e os consumidores em geral", afirma Gustavo Junqueira, Secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo.
As fêmeas que apesar de atingir o peso necessário não conseguirem emprenhar também podem ser usadas para aumentar os lucros dos produtores. A APTA desenvolve trabalho para engorda desses animais para um abate precoce. Estas fêmeas que não emprenharam são mantidas em um sistema de terminação intensiva a pasto, favorecendo a venda da carne no mercado gourmet.
Laura explica que as fêmeas têm mais facilidade para deposição de gordura, uma característica importante para esse nicho de mercado e possuem menos problemas de pH. "Por terem essa facilidade, podemos engordar com suplementação as fêmeas que não emprenharam, abatendo esses animais também jovens, com 19 meses", afirma.
Para o mercado gourmet, alguns frigoríficos exigem que os animais tenham no mínimo 3 mm de gordura até quatro dentes e peso acima de 13 arrobas. "As fêmeas precoces se encaixam nessas exigências. Com isso, os produtores conseguem agregar valor ao produto e os consumidores podem obter carne mais macia e de melhor qualidade", explica a pesquisadora.
A APTA Regional de Colina é reconhecida em todo o Brasil como o berço do Boi 777. O sistema de produção de bovinos desenvolvido na unidade de pesquisa é adotado por produtores de gado de corte de todo Brasil e preconiza a produção de um gado de 21 arrobas em até dois anos, quando normalmente leva-se até três anos para produzir um gado de 18 arrobas. A meta é que o animal alcance sete arrobas na desmama, sete na recria e outras sete na engorda, daí deriva o nome "Boi 777".
O lançamento da tecnologia para as novilhas ocorrerá por meio de uma live, com especialistas no assunto, nesta quinta-feira (27), às 19h30, neste link. Reveja a visita da equipe do Portal Agrolink a APTA Colina e o projeto Boi 777.
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