AFP - JONATHAN NACKSTRAND
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Um grupo de idosos de uma casa de repouso da cidade sueca de Gotemburgo foram contaminados pela Covid-19, apesar de terem recebido a segunda dose da vacina da Pfizer/BioNTech contra a doença. Mas, segundo especialistas, não há razão para alarme.
O contágio teria ocorrido antes do prazo estimado para que a vacina atinja sua maior eficácia, a partir da aplicação da segunda dose. Nove dos dez idosos contaminados desenvolveram apenas sintomas leves. Um dos idosos manifestou sintomas mais desconfortáveis, embora não graves.
Todos os residentes da casa de repouso Gerdas Gård, em Gotemburgo, no sudoeste do país, receberam a primeira dose da vacina desenvolvida pelas farmacêuticas americana Pfizer e a alemã BioNTech em 27 de dezembro, dia em que teve início a campanha de vacinação na Suécia contra a Covid-19. No dia 19 de janeiro, foi administrada a segunda dose do imunizante no asilo.
No início desta semana, diante da identificação de sinais leves de infecção entre alguns residentes, a direção da casa de repouso começou a realizar testes - e os dez idosos testaram positivo ao coronavírus.
Especialistas explicam o fenômeno
“Em geral, pode-se afirmar que a vacina atinge a eficácia prometida entre sete a 14 dias após a inoculação da segunda dose, que é o tempo estimado para que o sistema imune desenvolva anticorpos. No caso do asilo, os idosos parecem ter sido contaminados antes desse período. Portanto, ao terem entrado em contato com o vírus é provável que eles tenham contado principalmente com a proteção oferecida pela primeira dose da vacina, que já protege contra as formas graves da doença”, disse Matti Sällberg, especialista em Virologia do prestigiado Instituto Karolinska, em entrevista à TV pública SVT.
“Sem a vacina, parte dos idosos poderia ter desenvolvido sintomas muito graves da doença, o que não ocorreu. A vacina cumpriu seu papel”, salientou Sällberg.
Segundo a direção da casa de repouso, ainda não foi estabelecido de que forma o vírus penetrou no local. Mas suspeita-se que tenha sido através de funcionários - cinco trabalhadores da casa de repouso também testaram positivo ao coronavírus.
“Como ocorre com todas as vacinas, demora um certo tempo para que a pessoa desenvolva anticorpos e fique protegida da doença. O importante é que pessoas vacinadas não se tornam gravemente doentes”, reforçou a diretora da agência de saúde e proteção aos idosos da região de Gotemburgo, Babbs Edberg.
Em testes clínicos, a vacina da Pfizer/BioNTech obteve uma taxa de eficácia de 95% de proteção contra a Covid-19. Mas como uma pessoa não se torna imune no momento exato da aplicação do produto, as autoridades de saúde suecas destacam que, mesmo imunizadas, as pessoas precisam continuar a seguir as orientações para a prevenção da doença - como manter o distanciamento social e lavar as mãos com frequência.
A vacina contra a Covid-19 não impede que uma pessoa seja infectada pelo vírus - mas caso entre em contato com o vírus, uma pessoa imunizada não desenvolverá sintomas, ou terá apenas sintomas leves por um curto período. “E definitivamente, uma pessoa vacinada não irá parar em um hospital”, ressalta o professor Matti Sällberg.
Ele assegura que o caso de contágio dos idosos no asilo de Gotemburgo não é preocupante. “Uma pessoa vacinada contra a Covid-19 pode ser infectada pelo vírus, mas ela não desenvolverá a doença. É importante fazer essa diferenciação”, disse Sällberg à rádio pública Sveriges Radio.
Segundo o especialista, é possível prever que casos semelhantes de infecção pelo novo coronavírus entre pessoas já vacinadas poderão ocorrer.
Outras vantagens da vacina
Uma pessoa vacinada contra a Covid-19 também pode contrair o vírus e, mesmo sem desenvolver sintomas, contagiar outras. Estudos recentes, porém, indicam que indivíduos imunizados têm menor probabilidade de transmitir o vírus em quantidade suficiente para provocar sintomas graves da doença em outras pessoas.
“A vacina já demonstrou ser eficaz contra as formas graves da doença. Sua eficácia em termos de proteção contra infecção assintomática e infecciosidade está sendo melhor estudada de forma científica”, disse o infectologista Peter Ulleryd ao jornal Dagens Nyheter.
Estudos com macacos já demonstraram que a vacina reduz de forma bastante significativa os riscos de transmissão da Covid-19. “Macacos não vacinados e que foram contaminados irradiaram uma grande quantidade do vírus em um período entre cinco e sete dias. Já macacos que foram vacinados e em seguida infectados não transmitiram praticamente nenhuma quantidade de vírus, e alguns não transmitiram simplesmente nenhuma quantidade de vírus. O risco é mil vezes menor”, explica Matti Sällberg.
“Em outras palavras: quando uma pessoa é vacinada, ela não desenvolve a doença, e é altamente provável que se torne muito menos contagiosa”, reitera o professor.
Matti Sällberg ressalta ainda que a imunização tem um papel crucial para evitar a sobrecarga do sistema de saúde. “À medida em que nos vacinarmos contra a Covid-19, quase ninguém deverá ficar doente, e portanto poderá ser solucionada a pressão que atualmente abala os hospitais”, observa ele.
Suécia já vacinou mais de 216 mil pessoas
Nesta primeira fase da campanha de vacinação na Suécia, que prioriza idosos e profissionais de saúde, 216.269 pessoas receberam pelo menos uma dose do imunizante, entre uma população total de 10,3 milhões de habitantes.
Até o momento, foram detectados no país 95 casos da variante britânica do novo coronavírus, e três casos de pessoas infectadas com a mutação sul-africana do vírus - linhagens mais contagiosas do patógeno.
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