G1
A Polícia Civil de Corumbá, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, registrou um boletim de ocorrência neste sábado (29), para investigar um suposto caso de maus-tratos contra um frango que foi degolado vivo e teve o sangue bebido por um pai de santo em uma transmissão em tempo real (live) em uma rede social pela internet.
O suspeito é o pai de santo Clemílson Medina. Ele é conhecido na cidade também como Viktoria Lorrayna Medina e também é carnavalesco e presidente da escola de samba Imperatriz Corumbaense.
Medina nega que tenha cometido crime ambiental e disse que se tratou de um ritual de sua religião para rebater um “mal” que teria sido desejado contra ele e sua família.
Segundo o suspeito, o vídeo com a morte do frango foi transmitido ao vivo em sua página pessoal na internet nesta sexta-feira (28) e depois foi excluído porque o “recado” que transmitia já teria sido dado.
O pai de santo disse que a morte do animal foi parte de um ritual chamado na sua religião de “demanda”. Medina comentou que na sexta-feira uma moto, com duas pessoas, parou próximo a sua casa e que o passageiro teria deixado o frango no local, enquanto jogava um pó e cerveja na rua e desejava que ele e sua família fossem “destruídas”.
A cena, foi gravada por câmeras de segurança de uma vizinha do pai de santo, que o teria alertado. “Nesse momento que aconteceu isso eu estava incorporada com a minha pomba gira. Aí a pomba gira mandou eu ir lá, pegar o frango. Cortou o frango e bebeu o sangue”.
O suspeito afirmou ainda que não foi ele quem matou e bebeu o sangue do animal e sim o “espírito” que estava incorporado. “Foi o espírito que eu estava. Eu não...Eu não bebo sangue, ainda. Isso foi um ato religioso, conhecido como demanda. Quebrou o feitiço que ele mandou na hora que cortou o galo”.
Em razão disso, o pai de santo acredita que não tenha cometido maus-tratos. “Crime ambiental não. Deixa eu falar. Primeiro que você mata o frango para comer. E ela [pomba gira] matou para comer”, afirmou, completando que a carne da ave foi utilizada depois na preparação de uma farofa.
A delegada Tatiana Silva, responsável pelo 1º Distrito Policial de Corumbá, disse que desde as primeiras horas deste sábado, ela e vários policiais da unidade já haviam recebido por redes sociais o vídeo e que diante da comoção social e para verificar as circunstâncias em que ocorreu a morte do animal foi registrado o boletim de ocorrência por maus-tratos.
“O boletim foi registrado para verificar se foi feito para culto religioso ou outra finalidade. Porque se foi feito para culto religioso, como oferenda, não há de se falar em maus-tratos ao animal, porque assim o STF [Supremo Tribunal Federal] já decidiu. No entanto, foi muito agressiva a conduta dessa pessoa em filmar isso e colocar quase como uma ameaça a alguém, que a gente não sabe quem. Então, para verificar isso o caso será investigado”, detalhou.
A delegada disse que a repercussão provocada pelo vídeo foi tão grande, que muitas das pessoas que faziam a denúncia contra a mãe de santo, indicavam onde ela estava e pediam uma ação imediata da polícia.
“Pedi que inicialmente registrássemos o boletim de ocorrência e depois com calma que tudo fosse investigado, para sabermos em que dia isso ocorreu, em qual local, em qual circunstâncias de tempo e por qual motivo. Tudo vai ser apurado ainda”, assegurou.
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