quinta-feira, 26 de abril de 2018

Ao sair da missa, mulher faz ladrão desistir de assalto: 'tirei o terço e orei'




A atitude é considerada de "muita coragem" por uns e "muita loucura" por outros. Fato é que a ex- servidora pública Oreni Lídia Martins, de 52 anos, afirmou não ter medo ao ser abordada por um assaltante, na manhã desta terça-feira, dia 24 de abril, em Campo Grande. O ladrão teria cruzado a rua e, ao encontrá-la, fez menção de estar armado e então exigiu o aparelho celular, dizendo que era pra entregar ou então ele daria "um tiro no meio da testa".

"Eu estou atualmente desempregada e fui na missa para orar, às 6 horas, aqui no bairro onde moro mesmo. Na volta, às 6h40, estava caminhando na rua Riverside, bem perto da minha casa, quando o rapaz entrou na rua. Ele apareceu na minha direção, com a mão para trás e já falando que queria o celular. Quando chegou bem perto, continuou a exigir o aparelho e ainda disse que daria um tiro na minha testa", disse Oreni ao portal G1.

Na ocasião, Oreni conta que estava de casaco com bolsos, realmente carregando o aparelho celular, um óculos, a chave de casa e um terço. "Eu tinha muitos contatos ali, não queria entregar e então falei que tinha acabado de sair da igreja e não tinha nada. Mais uma vez, ele me ameaçou e então eu peguei o terço, iniciando uma oração em minha mente. Eu senti que Deus estava ali comigo e comecei a fazer perguntas, para ganhar tempo com ele", comentou.

Em um primeiro momento, ainda conforme a vítima, o menino continuou resistente. "Não consegui ver maldade nele, mas, sim uma vítima da sociedade. A impressão que eu tive é de que ele tinha acabado de acordar e queria algo para comprar droga. Eu perguntei o motivo dele estar fazendo aquilo, quando ele respondeu que não queria saber de nada, só do celular mesmo. Só que ele continuava com a mão para trás e eu ainda não sei se ali tinha uma arma ou até mesmo uma faca, que seria bem pior na minha opinião", ressaltou.

Mais uma vez, Oreni conta que tentou conversar com o assaltante. "Eu perguntei o nome dele e ele falou Vagner, em tom menos agressivo, me lembro exatamente. Eu então peguei o terço, coloquei uma mão no peito e outra na cabeça do menino, dizendo que iria orar para as coisas melhorarem. O menino continuou olhando no meu bolso, mas, em seguida dois homens apareceram na rua. Ele falou: vou deixar a senhora em paz e então foi embora", disse.

Sem olhar para trás

A vítima conta que continuou caminhando e, em nenhum momento, virou o rosto. "Eu só tinha Deus no meu pensamento. Sou uma cooperadora salesiana, catequista e do munistério de música na minha igreja. Antes de sair de casa, rezei o terço e comunguei, então pensei se eu não for capaz de desvencilhar o mau, quem poderia fazer isto. Acho que é por isto que não tive medo, em momento algum. Não pensei em chamar a polícia, só fui comprar pão depois e contei o que aconteceu para minha vizinha e meus filhos", ressaltou.

Vizinha da Oreni, Dona Abadia Dutra, de 77 anos, disse que ficou contente com a atitude dela. "Eu achei ótimo, achei que ela teve bom coração e, neste momento, Deus a ajudou. Sei que não são todas as pessoas que possuem a mesma força e não imagino como seria a minha reação se acontecesse igual. No meu caso, não sei mesmo", finalizou a aposentada.

A filha Thaygra Prates, de 23 anos, também comentoou que ficou "muito surpresa" com mãe e até fez uma postagem nas redes sociais. "Ela comentou que foi algo corriqueiro, só que eu jamais teria atitude igual. Minha mãe falou que sentiu pena do bandido ao invés de medo. Até achei que minha mãe estivesse doida por um momento".

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