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Em sua essência, “Perfeita É A Mãe!” é uma farsa sobre a eterna angústia materna de pensar que sempre está errando na educação dos filhos, em tempos de soluções mágicas de livros de autoajuda, regras ditadas por especialistas e até patrulhamento virtual. Entretanto, a dupla de diretores Jon Lucas e Scott Moore, conhecida pelo roteiro de “Se Beber, Não Case!” (2009), termina por dissipar o potencial da obra em estereótipos juvenis.
O longa abre com a narração de Amy (Mila Kunis), uma mãe de 32 anos, tentando equilibrar sua rotina entre cuidar de seus dois filhos pré-adolescentes (Oona Laurence e Emjay Anthony), do marido (David Walton), que é praticamente uma terceira criança, e do trabalho, onde lida com um chefe mimado.
Quando uma descoberta coroa um dia ruim, ela decide afrouxar e até abandonar seus compromissos para viver um pouco por si só. É seguida pela certinha Kiki (Kristen Bell), sufocada pelo marido e suas quatro crianças, e incentivada pela relapsa Carla (Kathryn Hahn), que não tem paciência de ver o jogo de beisebol do seu rebento. A atitude delas, porém, irrita a controladora Gwendolyn (Christina Applegate), presidente da Associação de Pais e Mestres da escola, iniciando uma verdadeira guerra na escola em que estudam os filhos de todas.
O primeiro ato demora a engatar, especialmente pelo humor forçado de cenas como a do supermercado. Mas as atrizes conseguem, aos poucos, que o público crie envolvimento suficiente com suas personagens – especialmente Kunis, que filmou logo após ter sua primeira filha, conferindo certa humanidade à protagonista, e Hahn, de “Como Perder um Homem em 10 Dias”, entregando os melhores diálogos.
As muitas coadjuvantes são planas na construção do roteiro de Lucas e Moore, que seguem os caminhos fáceis e clichês de filmes colegiais – será que seria diferente se houvesse uma roteirista?
Com a luz estourada na fotografia de Jim Denault, que contraditoriamente parece estar sempre em um comercial de margarina, ou os momentos videoclípticos sob uma ostensiva trilha sonora pop, de Demi Lovato a Janelle Monáe, o longa apresenta as mães como se estivessem em uma fraternidade de universitários.
Ao pôr em perspectiva as neuroses sobre alimentação e um milhão de atividades que sobrecarregam as crianças de hoje e minam suas infâncias, além de questionar o papel materno esperado socialmente, a obra atinge o objetivo de levantar uma reflexão, ainda que caótica, sobre esse excesso de cobranças.
(Por Nayara Reynaud, do Cineweb)
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