O Carnaval ainda é a menina dos olhos de Moraes Moreira. Lançando oCD/DVD ao vivo A História dos Novos Baianos e outras histórias(Biscoito Fino), cujo repertório mostra nesta sexta-feira na Feira deSão Cristóvão (mesmo lugar onde gravou os discos), o cantor diz estarpreparando seu segundo livro, Sonhos elétricos, contandodetalhadamente a história dos trios elétricos no Brasil. Vindo de umatemporada de carnaval em Pernambuco e preparado para fazer umaapresentação repleta de sambas e frevos num dos lugares mais popularesdo Rio, o baiano torce o nariz para os rumos comerciais que a festatomou em seu estado.
"Virou carnaval de corda e de abadá, não há nenhuma preocupação com opovo", lamenta. "Não se vê nem mais os Filhos de Gandhy, o Ilê Ayê e oOlodum. Enquanto isso, tenho tomado lições de carnaval em Pernambuco.Sempre gravei muitos frevos e lá me consideram o baiano maispernambucano", completa.
Ligado ao livro homônimo, que reúne as letras do artista e mais umcordel contando a história do grupo, A História... traz uma mescla declássicos dos NB com sucessos de sua carreira solo, além de duasinéditas, Oi e Spok frevo spok. Na guitarra e na co-produção, o filhoDavi Moraes.
"Foi fundamental tê-lo comigo. Apesar de recordar os Novos Baianos emeus discos solo, não queria um tom saudosista", afirma Moraes, que,apesar de ter retornado com o antigo grupo num duplo ao vivo, InfinitoCircular (1997), não se animou com a volta. "Acabei não achando quefoi grande coisa. A banda existe sem precisar voltar", conta.
Um dos raros artistas baianos a estar verdadeiramente ligado à culturanordestina, Moraes diz que ela faz parte de seu dia-a-dia. O cantor,que homenageou o maestro pernambucano Spok na nova Spok frevo spok("ele foi além do frevo, chegou no jazz"), gravou os extras do DVDpasseando na Feira.
"Eu me considero um deles. Leio bastante, estudo. Quando escrevocordéis, respeito a métrica que eles usam", afirma o cantor, que paraseu próximo disco de inéditas se inspira nas cantorias dos violeirosnordestinos. "Ganhei de presente o livro Jaguaribe: o Vale das Violas(do pesquisador Francisco Wilson Raulino) e estou entrando nessa emvárias músicas. Quando chegar a hora de lançar vou ter muitas.Componho e nem gravo, guardo na memória. Se lembrar, é porque era paraficar".
JB Online
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