Capital do Pantanal
Dos quarenta jovens que produzem arte na Casa do Massabarro em Corumbá, apenas um conseguiu chegar à Capital do Estado para a exposição temporária na Casa do Artesão, que começou ontem, dia (20) em Campo Grande. Os meninos descobertos pelo carnavalesco Joãozinho Trinta em 1991, que chegaram a desfilar por duas vezes na Escola de Samba Beija-Flor no Rio de Janeiro, hoje vivem por conta própria, driblando as dificuldades e a falta de investimentos do poder público municipal.
Mais de 150 peças confeccionadas com esmero seguiram em oito volumes para Campo Grande, levando sonho, esperança e realização dos jovens artesões do bairro Cervejaria (beira do rio). Apesar da satisfação em poder participar de um evento deste porte, é com um misto de decepção e abandono que os escultores abriram as portas nesta manhã.
Para Enilson de Campos, que trabalha na casa há vinte anos, a oportunidade oferecida pela Fundação de Cultura do Estado surpreendeu a todos, porque, “há muito tempo fomos esquecidos”, desabafou contando que mandou ofício para a Fundação de Cultura local, no dia 13 de Agosto, solicitando pelos menos uma passagem e uma estadia, “mas não recebemos nem a resposta. Acabamos nos unindo e, com um pouquinho de cada um, pagamos a passagem de Anderson Ortiz, que está nos representando”, entretanto, ele adiantou que seria necessário levar pelo menos três pessoas para ajudar a colocar preço, organizar o mostruário e comercializar, “o Anderson está fazendo tudo sozinho”.
Ricardo Alexandre Moraes Fernandes dirige os trabalhos desde menino. Hoje com 30 anos conta com detalhes a trajetória dos adolescentes, “quem chega vai ficando, casa, tem filhos, mas continua conosco, apesar do salário e das dificuldades”, disse ao Capital do Pantanal salientando que adoraria ter ido para a exposição, “é nossa grande oportunidade de divulgação, coisa que na nossa cidade não temos, e o que me deixa mais triste é que toda vez que olho para esse folder tão lindo, não posso estar lá mostrando o que eu fiz. Sinto-me desvalorizado, não sei explicar. Estou feliz pela oportunidade, mas decepcionado por não estar lá. É um sonho pela metade”.
As dificuldades enfrentadas pelos artesões vêm de longa data, pois a única ajuda que obtiveram do município foi na gestão do ex-prefeito Eder Brambilla, que através do Femis (Fundo Municipal de Investimento Social) comprou o forno elétrico usado para queimar as peças, “a gente já teve mais ajuda. Antigamente a prefeitura nos cedia uma merendeira, lanche e um zelador, mas foi cortado. Agora com o que faturamos mal dá para pagar as despesas da Casa, principalmente na baixa temporada”.
O bebedouro está estragado há meses, não há telefone, computador ou outra melhoria desde a fundação do prédio em 1982, “a conta de luz é o mais pesado, porém temos gasto diário com pinceis, tintas e manutenção. O nosso maior parceiro é a Cerâmica Vista Bela que doa o barro, só pagamos o transporte”.
A Casa do Massabarro é ponto turístico na cidade e cerca de 120 pessoas circulam no local, durante o período da pesca (Março a Outubro). As peças confeccionadas em cerâmica são produzidas por crianças e adolescentes do bairro Cervejaria, cujo critério para permanência na Casa é a comprovação da freqüência escolar.
A Exposição “Massabarro” começa hoje a partir das 15h e encerra dia 16 de Setembro, na Casa do Artesão em Campo Grande.
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