quinta-feira, 18 de julho de 2019

Filme : O REI LEÃO



CineWeb


Uma mistura de técnicas - animação, efeitos visuais e realidade virtual - está por trás da nova versão de O Rei Leão, exatos 25 anos depois da primeira, vencedora de dois Oscar (trilha musical e canção, Can you feel the love tonight). O visual hiperrealista da versão 2019 produz um certo estranhamento, quando estes animais, tão perfeitos quanto em documentários do Animal Planet, começam a falar. Espera-se então que funcione o poder da imaginação, seguindo-se quase detalhe por detalhe a história que ganhou fãs ao redor do mundo em 1994.

O público apaixonado pelas aventuras de Simba, seus pais Mufasa e Sarabi, e o grande vilão Scar, não terá que temer por novidades inesperadas no rumo das vidas dos leões e dos outros personagens. Apenas o visual foi mudado radicalmente por esta fusão de técnicas. O pequeno Simba, apresentado aos seus súditos na floresta, é uma gracinha peluda que dá vontade de pegar no colo. No entanto, o aspecto realista das imagens parece às vezes tirar um pouco a leveza que caracterizava o desenho original, um dos mais bem-sucedidos na história dos estúdios Disney.

Em todo caso, o espírito da fábula original continua lá, em torno da idealização de um mundo natural comandado por um rei bondoso e respeitador, Mufasa (na versão legendada, voz de James Earl Jones, como em 1994), ensinando seu filho, Simba (quando pequeno, voz de JD McRary, adulto, Donald Glover) a manter os mesmos valores quando for sucedê-lo. A traição está infiltrada na própria família, através do tio ressentido, Scar (Chiwetel Ejiofor), que cria armadilhas para o pequeno sobrinho e o irmão, levando à morte deste e ao exílio do pequeno, para então tornar-se um rei perverso, cujo poder é baseado no medo causado por seu exército de ávidas hienas.

O reino, antes luminoso, torna-se sombrio sob o domínio de Scar e suas hienas, que dilapidam a natureza num ritmo avassalador - mensagem ecológica evidente, mas sempre oportuna. Já o refúgio encontrado, longe dali, por Simba, com seus melhores amigos, o javali Pumba (Seth Rogen), o suricato Timão (Billy Echner) e vários animais livres, é um contraponto. Governado pelo lema “hakuna matata” (algo como “viva o momento sem preocupações”), este pequeno trecho de floresta, livre de governo e autoridade, parece uma metáfora para comunidades alternativas, sejam hippies, anarquistas, veganos ou quaisquer outros grupos dispostos a transgredir normas, hábitos e tradições, dando um sabor especial à história. Toda vez que entram em cena, Pumba e Timão levantam o astral, com suas falas divertidas e números musicais (The Lion Sleeps Tonight é o ponto alto).

Outro alívio cômico é Zazu (John Oliver), pássaro assessor do rei, que procura salvar o protocolo, as aparências e, não raro, a própria pele.

Muitas personagens femininas têm voz ativa, caso da altiva rainha Sarabi (Alfre Woodard), a leoazinha Nala (Shahadi Wright Joseph quando pequena, Beyoncé na fase adulta) e a temível hiena Shenzi (Florence Kasumba).
Falando em Beyoncé, é dela a única faixa inédita da trilha sonora, Spirit. No mais, as músicas são as mesmas da versão de 1994, assinadas por Tim Rice e Elton John.

A indicação etária, 10 anos, justifica-se pelas cenas de lutas entre leões e hienas, que podem ser particularmente impressionantes para crianças muito pequenas, dado o hiperrealismo dos animais e dos cenários. Resta saber se o encantamento que se produziu em 1994 se repetirá diante deste remake, em que a beleza natural do mundo físico ressurge sob uma aparência domada.

Neusa Barbosa

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