terça-feira, 4 de junho de 2013

Campo Grande pode perder 20 mil árvores das ruas

Elvio Lopes
A Semana do Meio Ambiente começou ontem com várias atividades em Campo Grande, uma delas, uma conferência ministrada pelo engenheiro florestal Miguel Serediuk Milano, na Câmara Municipal e que apontou a necessidade de retirada, de imediato, de 20 mil árvores das ruas, parques e terrenos particulares da Capital. 

Mesmo apontada como destaque nacional como uma das capitais mais arborizadas do País, Campo Grande, segundo o especialista, apresenta falhas no que se refere à educação ambiental dos moradores e do próprio poder público, como escolha de espécies erradas para plantio nas calçadas, podas de galhos sem orientação e poda de raiz de forma desordenada. 

O estudo que aponta os problemas e pontos positivos da arborização de Campo Grande foi feito sob a coordenação de Miguel Milano, em 2010 e identifica o ambiente artificial que é a cidade e a naturalidade que existe nela. “Em média, uma cidade arborizada tem de 2 a 3 graus centígrados menos que uma com menos arvores”, afirma, em relação à temperatura ambiente. 

De acordo com Miguel, o levantamento da arborização de Campo Grande apontou que 14% das árvores foram consideradas ruins e outros 5% estão mortas ou morrendo e elas precisam ser retiradas com ou sem reposição. Outros 27% das árvores são consideradas boas e 54% são satisfatórias. 

Miguel Milano e sua equipe também avaliaram as espécies plantadas, especialmente nas calçadas e apontam preocupação ao verificar que muitos bairros concentram quase a metade de árvores da mesma espécie como é o caso do Aero Rancho, onde 44% são de fícus. 

Na Vila Nhá Nhá também tem grande concentração da mesma espécie, cerca de 40%, as quais, quando plantadas no solo, fora do vaso, suas raízes agressivas destroem galerias pluviais, de esgoto, fiações enterradas, fundações e o que mais houver pela frente, causando enormes prejuízos materiais. 

“Isto indica que não houve um bom planejamento e pode até ser que estas árvores foram plantadas devido a alguma “onda”, ou moda”, avalia o especialista e destaca que agora o fícus não é mais permitido plantar na Capital. 

Milano destaca que um dos aspectos negativos de se ter muitas árvores da mesma espécie é a possibilidade de disseminação de pragas, doenças, dificultando o controle que pode culminar na necessidade de poda drástica e retirada. “Retirar uma árvore é um prejuízo, é uma perda de investimento público e do morador para manter esta árvore”, explica. 

Milano também faz um alerta sobre o plantio de árvores frutíferas nas calçadas das cidades e orienta que, em hipótese alguma é recomendado este tipo de árvore na calçada pelo comportamento de flores, frutos e certas pragas. 

EDUCAÇÃO 

Também participaram da abertura da Semana do Meio Ambiente o superintendente no Estado do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), Márcio Yule, que destacou o direito constitucional a um meio ambiente equilibrado, que se constitui em um bem de uso coletivo, não de obrigação somente do poder público, mas de toda a comunidade. 

O major Ednilson Queiroz, da Polícia Militar Ambiental destacou que as pessoas têm ainda muito que conhecer sobre o meio ambiente, seja natural, ou artificial e citou como exemplo as árvores que são plantadas nas calçadas, são de propriedade do planejamento urbano do poder público, e não do morador. 

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