O Projeto “Os Sons do Museu”, do Museu da Imagem e do Som (MIS), promove debate sobre a identidade musical de Mato Grosso do Sul. O evento será realizado no dia 22, às 14h, no prédio da Fundação de Cultura do Estado (FCMS).
“Não entraremos no aspecto dos direitos autorais, pois isso cabe ao jurídico. Porém discutiremos sobre o que é válido catalogar em um museu, ou seja, os produtos oficiais criados por nossos artistas, tanto a nível regional quanto nacional”, explica o pesquisador Carlos Luz, que conduzirá o debate.
No encontro será feito um apanhado geral sobre os diferentes ritmos que embalam e caracterizam o cenário musical sul-mato-grossense. A abordagem irá desde artistas consagrados como Délio e Delinha até os contemporâneos como O Bando do Velho Jack.
No caso do estilo sertanejo de raiz que exerce forte influência na cultura regional, está prevista uma visita mediada da “Exposição Audiovisual os Pioneiros – a origem da música sertaneja de Mato Grosso do Sul”. A mostra é baseada no livro homônimo de Rodrigo Teixeira, financiado pelo Fundo de Investimentos Culturais (FIC).
A trilha sonora utilizada na exposição integra o projeto “Memória Fonográfica de MS”, idealizado pelos pesquisadores Carlos Luz e Idemar Sprandel, criadores do Kit de Difusão Musical da FCMS. Os dois mantêm juntos uma coleção repleta de LPs e CDs de todas as vertentes musicais de Mato Grosso do Sul. O acervo soma um total de 30 mil músicas catalogadas. As obras datam desde a década de 1950 até os dias atuais.
O projeto “Os Sons do Museu” também conta o detalhamento de todo o processo de catalogação das obras: pesquisa, preservação dos CDs e LPs, e digitalização das canções.
A intenção é conscientizar a população da importância de se conhecer e preservar a música produzida no Estado. “Nossa intenção é preservar o acervo físico e disponibilizá-lo digitalmente para a população. Não adianta você ter um acervo e isso ficar guardado”, ressalta Carlos.
“Os Sons do Museu” faz parte da agenda do MIS para o mês de junho, e tem como público-alvo toda a comunidade. Segundo o coordenador do MIS, Rodolfo Ikeda, a programação foi preparada na intenção de fortalecer a identidade cultural da sociedade. Para isso serão explorados os recursos que o audiovisual propicia, combinados às atividades educativas.
Memória Fonográfica de MS
O projeto “Memória Fonográfica de MS” existe há mais dez anos. Hoje, de todo o acervo já foi passado para a mídia digital um total de cerca de 450 vinis produzidos por artistas da terra.
Para o ano de 2012 a meta dos pesquisadores Carlos Luz e Idemar Sprandel é concorrer e serem aprovados no edital do Fundo de Investimentos Culturais (FIC) para receber financiamento que auxiliará no andamento dos trabalhos.
“Nossa intenção é ganharmos a aprovação do FIC e utilizarmos todo o dinheiro para viabilizar ao menos parte do projeto. Assim poderemos digitalizar todo o acervo e encaminhar o material para a Fundação de Cultura. Daí para frente, ela ficará encarregada de tornar esse material acessível à comunidade, em bibliotecas, pontos de cultura e no aeroporto da Capital”, detalha o pesquisador.
Carlos Luz conta que atualmente o “Memória Fonográfica de MS” está sendo desenvolvido todo com recurso próprio. “Embora o projeto tenha sido aprovado pela lei Rouanet, está difícil captar dinheiro e encontrar uma empresa privada interessada em investir no trabalho”, diz Carlos. A lei Rouanet surgiu para estimular as empresas a investirem em cultura, oferecendo incentivos fiscais àquelas que aderirem a ideia.
Por causa da falta de recursos os trabalhos são dedicados somente a parte de catalogação. A intenção do projeto é que no futuro haja terminais de computadores com todo o acervo musical do Estado. Esses pontos estarão implantados em locais estratégicos: pontos de cultura, aeroportos e instituições de ensino. Nesses lugares as pessoas teriam acesso às canções, letras e, além da biografia dos artistas. “O sonho da gente é que isso chegue à população”, ressalta Luz.
Em 2011, “Memória Fonográfica de MS” esteve com um estande para visitação no Festival América do Sul (FAS) em Corumbá e estará também no Festival de Inverno de Bonito. “São produtos fora de mercado que não estão na internet. Todo o acervo regional está se perdendo. Parte de nossa coletânea é originada das extintas gravadoras regionais Sapucaia e Pantanal. É interessante que o público conheça as músicas, pois ela também retrata a nossa história”, conta Carlos Luz, que já trabalhou nas duas produtoras.
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