quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Crianças que testemunharam feminicídio em Corumbá terão acompanhamento especializado

 

                                           Salvadora Pereira foi assassinada pelo companheiro

Decisão judicial assegura apoio psicossocial do Conselho Tutelar e CREAS após execução de mãe na presença dos filhos.

Cinco crianças, com idades entre 2 e 8 anos — três filhos do autor do crime e duas da vítima — que presenciaram o feminicídio de Salvadora Pereira, em Corumbá (MS), serão acompanhadas pelo Conselho Tutelar e pelo CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), conforme determinação judicial proferida nesta segunda-feira (04/08).


A medida foi estabelecida no mesmo momento em que a prisão em flagrante de José Cliverson Soares da Silva, autor do crime, foi convertida em prisão preventiva.


A decisão, divulgada pela imprensa local, também autorizou a quebra do sigilo dos celulares do autor e da vítima para análise de mensagens e demais conteúdos armazenados nos aparelhos.


O crime ocorreu no domingo (03/08), numa fazenda na zona rural de Corumbá, quando Salvadora, de 22 anos, foi atingida por um disparo de revólver calibre .22, na frente das cinco crianças, sendo três filhos do autor, de 8, 7 e 2 anos, e duas filhas da vítima, de 7 e 5 anos.


O filho mais velho  do autor, de apenas 8 anos que ligou  para o Corpo de Bombeiros pedindo socorro para a madrasta. Segundo depoimento ela ainda estava viva e tentou conter o sangue com um pano no rosto, mas faleceu antes da chegada dos bombeiros.


Segundo o relato do autor à polícia, o disparo teria sido acidental, após uma discussão motivada por ciúmes. O autor permaneceu no local, admitiu o crime e foi preso em flagrante.


José Cliverson já possuía histórico de violência, além de um mandado de prisão por lesão corporal emitido em 2020. Em 2014, tentou matar uma mulher. Três anos depois, em 2017, voltou a cometer o mesmo crime contra outra companheira. Em 2021, agrediu fisicamente essa mesma mulher, com quem havia mantido um relacionamento anterior.


A orientação do juiz estabelece que as crianças sejam encaminhadas a familiares disponíveis para abrigá-las e que recebam cuidado especializado. O Conselho Tutelar realizará a escuta protegida, enquanto o CREAS será responsável por promover acompanhamento psicológico e socioassistencial.


Essa atuação tem respaldo no Estatuto da Criança e do Adolescente e ratifica iniciativa em tramitação no Congresso (Projeto de Lei 403/25), que prevê acompanhamento obrigatório a menores que convivam com vítimas de feminicídio.


Essa medida em Corumbá se soma a esforços mais amplos de proteção aos ó­rfãos do feminicídio, reconhecidos como vítimas indiretas da violência e que demandam suporte emocional e social para lidar com o trauma e reconstruir vínculos afetivos seguros. O CREAS reúne uma equipe multidisciplinar para acompanhar as famílias afetadas e promover medidas de acompanhamento contínuo.


Até o momento, o número de feminicídios em Mato Grosso do Sul em 2025 chegou a 21, com o caso de Salvadora representando uma das perdas mais brutais, dada a presença de menores como testemunhas diretas.


A ação judicial revela a importância da intervenção rápida das instituições de proteção infantil e do enfrentamento da violência de gênero, especialmente durante o período do Agosto Lilás, quando se intensificam as campanhas de combate ao feminicídio.


O caso segue sob investigação da Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) de Corumbá, com apoio do Conselho Tutelar e de equipes do CREAS e assistência social municipal, visando garantir a proteção dos direitos das crianças envolvidas.Decisão judicial assegura apoio psicossocial do Conselho Tutelar e CREAS após execução de mãe na presença dos filhos.

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