domingo, 10 de maio de 2009

Ivan Lins lança aplaudido show na Holanda em CD

Ricardo Schott, Jornal do Brasil

Beirando os 40 anos de carreira com a experiência de ser um dos compositores brasileiros mais gravados fora do país (sua agenda inclui mais shows na Europa do que por aqui), Ivan Lins sonha que o mercado musical americano volte a ser o que já foi. E não devido aos downloads piratas, mas por causa do rescaldo da tacanhez da era Bush. O coautor e cantor de sucessos como Daquilo que eu sei e Começar de novo lança o álbum Ivan Lins & The Metropole Orchestra, gravado ao vivo em 2008 com músicos holandeses e regido pelo também holandês Vince Mendoza, com o resgate orquestral destas e de outras canções suas. Um disco que ele ainda não sabe se renderá shows por aqui.

– Penso em trazer o Mendoza, lá para outubro e novembro. Mas teríamos que usar músicos de orquestras renomadas daqui. E precisaríamos de um bom patrocínio, o que é difícil em tempos de crise – relata Lins, que, até hoje, diz precisar quebrar certa barreira nos EUA. – Gostaria que pudéssemos voltar a trabalhar lá sem sermos humilhados, como acontece no consulado americano e nos aeroportos. Só de saberem que somos brasileiros já abusam. Esses dois mandatos do Bush foram horríveis.

Nas 11 faixas do disco, os músicos dedicam-se a um repertório que não descarta nuances brasileiríssimas, como o baião de É ouro em pó, o suingue de Arlequim desconhecido e Formigueiro e a latinidade de Ai, ai, ai, ai, ai. Instrumentistas e maestros esbanjaram disposição para encarar as sinuosas melodias de Lins. Ele relata que o álbum surgiu de uma feliz coincidência.

– Conheci o Mendoza pelo saxofonista italiano Steffano di Battista, que participa do disco. Ele me falou de uma orquestra maravilhosa de Amsterdã com a qual ele trabalhava anualmente – relata. – E era a Metropole Orchestra, que sempre me convidava, mas nunca conseguia marcar porque lá sempre agendam tudo para dois, três anos. Fizemos o primeiro concerto em 2006 e repetimos em 2008.

O disco também aponta, curiosamente, para o fado moderno (em O fado, dos portugueses Paulo de Carvalho e Dulce Pontes, com Carvalho nos vocais). E recupera o pop das entranhas de uma antiga canção de Lins. É Let us be always, escrita por ele e Ronaldo Monteiro de Souza com o nome de Te quero tanto e traduzida para o inglês por Carole King. Nos vocais, a holandesa Trinjntje Oostherhuis.

– Ficou lindo, não é? Essa música nunca foi gravada no Brasil. Foi gravada em português por outra cantora holandesa, Josee Koning – alegra-se Lins, que avisa estar em conexão total com o país europeu. – Estou desenvolvendo outros dois CDs com músicos holandeses, cantado em português e espanhol, que devem sair no ano que vem. E agora vão ter mais músicas inéditas.

Lins revela que a parceria com Victor Martins, que gerou quase todos os seus sucessos, voltou com força total. E que até mesmo seu primeiro parceiro, Ronaldo Monteiro de Souza (com quem fez Madalena), também retorna a seus créditos nos próximos trabalhos.

– Espero que Victor não fique com ciúmes – brinca Lins, que há duas semanas fez sua segunda parceria com Chico Buarque, o samba Sou eu. – Ele até me disse que se animou a voltar a compor depois de fazer esse samba. Já tem gente querendo gravá-lo, até eu mesmo estou na fila.

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