domingo, 10 de maio de 2009

cap. Kirk acredita que fãs vão gostar de 'Star Trek'

Eduardo Graça
de Los Angeles/terra
Uma das primeiras decisões de J.J.Abrams ao tomar as rédeas de Star Trek foi a de convocar um elenco forte mas destituído de estrelas de Hollywood. A idéia era trazer jovens talentosos que pudessem ser identificados com personagens tão emblemáticos quanto o Capitão Kirk e Spock de forma total, sem resquícios de outro papel marcante feito pelos atores.


O autraliano Eric Bana, 40 anos, era a única exceção. Conhecido do público principalmente por seus papéis na pele do doutor Bruce Banner, de Hulk (2003), e do príncipe Heitor, de Tróia (2004), ele faz, em Star Trek, Nero, um ser atormentado pela destruição de seu planeta.

Em entrevista para divulgar o novo longa, Bana se senta ao lado de Chris Pine - rosto de modelo, pele queimada de sol, aos 28 anos pronto para garantir seu espaço em Hollywood. O novo projeto de Pine - que as garotas vão se lembrar de O Diário da Princesa 2 (2004) - deverá ser o filme sobre o Lanterna Verde.

O Terra conversou com os dois em Hollywood e também com o hilário John Cho, 36 anos, que faz o piloto Sulu e como toda a "tripulação" da nave Enterprise, fechou contrato para duas outras seqüências de aventuras no espaço. Seguem os melhores trechos da entrevista com o trio:

Como você se preparou para viver o Capitão Kirk?
CHRIS PINE: Fiz minha lição de casa. Devorei a série original, vi todos os capítulos, par tentar compreender melhor a dinâmica ente os personagens e a estética por trás de Jornada nas Estrelas. Mas aí descobri que estava tentando encontrar a melhor imitação possível de William Shatner fazendo o Capitão Kirk. E isso era o oposto do que J.J. Abrams havia pedido. Ele queria que nós imaginássemos os personagens de forma absolutamente original, única, singular. Diferente do que todos os predecessores haviam feito com eles.

E como saiu deste jogo de xadrez?
PINE: Eu conversei com J.J. e fomos juntos encontrando as nuances de meu Kirk. Mantive um senso de continuidade em relação ao trabalho de Shatner, creio, mas criei algo diferente. Encontrar um equilíbrio entre os dois Kirks foi o desafio de minha interpretação.

A preparação física também foi intensa, não? A autal tripulação da Enterprise passou um tempo junta e vocês ficavam tardes inteiras lutando boxe...
PINE: Sim, tivemos dois meses do que eu chamaria de recrutamento militar Star Trek (risos). Aprendemos muito com os dublês. E não foi só boxe, não, teve kick-boxing, krav-magá e aulas de auto-defesa. E com a ajuda das artes marciais, fomos criando uma coreografia para as cenas de luta.
JOHN CHO: Eu bem que tentei me manter em forma, mas rolou aquela coisa de altos e baixos. Adorei tanto o taekowondô quanto o krav-magá. Zac Quinto, por exemplo, ficou treinando mais aikidô. Foi tudo bem focado em cada personagem.
ERIC BANA: Como se chama isso, krav-magá?
CHO: Mas peralá, Eric, você fez um agente-secreto israelense no filme Munique! Como é que não sabe que krav-magá é a arte marcial desenvolvida pelo Mossad, o serviço-secreto israelense? (risos)
BANA: Oh...(com o rosto vermelho). É algo como o jiu-jitsu praticado no Brasil?
CHO: Não! Hello, Munique! (mais risos, Bana fica mais vermelho). Eu diria que é um estilo salsa de se matar alguém (risos). Não, sério, é uma arte marcial eficiente, intensa e muito boa para seu corpo.
PINE: Desde que a gente parou de gravar o que eu tenho mesmo praticado é a semiaposentadoria, conhece? Durmo muito.

Eric, você não teve de se aperfeiçoar em nenhuma arte marcial? E teve de ganhar músculos para o filme?
BANA: Não, os figurinos fizeram o serviço completo.

Chris, o Zachary teve a chance de trabalhar o Spock juntamente com o Leonard Nimoy (o ator original do personagem na série de TV). Você não gostaria de ter tido a oportunidade de estar mais próximo do William Shatner, que disse ter ficado sentido por não ter sido incluído no filme?
PINE: Engraçado, sabe que eu finalmente o conheci ontem em uma das ações de caridade que ele faz aqui em Hollywood? Ele é sensacional. Foi menos um encontro diplomático entre os Kirks e mais um apoio às ações deste cidadão exemplar. Ele me mandou uma carta linda enquanto estávamos filmando, desejando-me toda a sorte do mundo na Enterprise. Quero muito passar uma tarde conversando com ele. Mas acho que, e isso casa com o que eu disse no começo da entrevista, se Shatner estivesse no set de filmagem, seria ainda mais complicado para mim encontrar meu próprio Kirk. Mas não vou mentir, agora que já filmamos, morro de inveja da relação de Zach com o Leonard (risos).

Você ficou nervoso com o encontro com Shatner?
PINE: Sim, claro. Uma coisa é receber uma carta, outra é encontrá-lo e dizer "olá, senhor! Prazer em conhecê-lo, eu sou aquele menino que está fazendo o seu papel" (risos). Mas percebi que havia algo na maneira como ele move seu corpo, anda teatricalmente pela nave espacial e se senta na cadeira de capitão que estão no meu Kirk também.

Quando lançada nos anos 60, a série de TV Jornada nas Estrelas lidou com temas como a Guerra Fria, a necessidade de se fortalecer a ONU, feminismo e racismo. Como é que o filme dialoga com o mundo contemporâneo?
PINE: Enquanto filmes como Watchmen (2009) e Batman - O Cavaleiro das Trevas (2008) se aprofundam de uma forma magnífica no lado negro da natureza humana e se apresentam niilistas, nós trazemos um sopro de esperança. Quando você termina de ver este filme, sai sorrindo, olhando para o futuro. Pode parecer brega, mas há quanto tempo Hollywood não traz um filme de ação com um enredo tão pra cima? Por que não fazer uma história positiva? Especialmente neste momento de crise econômica, de guerras e de pessoas perdendo suas casas. Por que não contar uma história que termina de um modo diferente?
CHO: Procurando Nemo (2003) já fez isso (risos)...
BANA: E é difícil dizer para crianças de 10 anos, por exemplo, que elas não podem ver Watchmen ou os filmes do Batman. Quando nós éramos crianças, personagens como o Batman eram todos infantilizados de uma certa maneira. Acho que ter pensado num Star Trek tão sofisticado quanto próximo de crianças e jovens foi um acerto de J.J. (Abrams, o diretor).

Vocês acham que os fãs mais ardorosos vão curtir o filme?
CHRIS: É o que mais queremos, claro! Mantivemos vários detalhes que apenas os fãs de carteirinha reconhecerão e, ao mesmo tempo, há todo um universo convidativo a ser descoberto por quem, pela primeira vez, vai entrar em contato com a cinessérie.
BANA: Estamos bem conscientes de que este é um filme que a audiência se relaciona de uma forma bem específica. E, olha, no lançamento mundial, na Austrália, foi sensacional ver a platéia em Sydney aplaudindo de pé. E, australiano que sou, te garanto: esta não é uma reação comum em meu país. Foi um dos momentos mais emocionantes de minha carreira.

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