quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

PL conta com candidatura de Flávio Bolsonaro para impulsionar eleição de deputados e senadores

 

                                              Reuters 

  • Segundo relatos, Valdemar disse que fortalecimento das chapas ajuda a explicar resistência de partidos a Flávio

  • Sigla quer eleger mais senadores e deputados federais para fazer frente ao STF e engordar fundo partidário




Integrantes do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), apostam na candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) a presidente da República para impulsionar a eleição de deputados federais e senadores no ano que vem.


A leitura foi compartilhada pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, com presidentes dos diretórios estaduais do partido.


Segundo o relato de duas pessoas que acompanharam a reunião promovida por Flávio na semana passada, Valdemar afirmou que a bancada do PL no Congresso tende a crescer com um candidato próprio à Presidência e que isso estaria assustando as demais legendas da direita —como o PP, do senador Ciro Nogueira (PI), e o Republicanos, do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.


Tarcísio é o preferido no centrão e no mercado financeiro para competir contra Lula. Nesta terça-feira (16), a Bolsa despencou em meio à circulação de dados de pesquisa Genial/Quaest que mostrou Lula na liderança e Flávio à frente do governador em cenário no qual os dois concorreriam —o senador ficou com 23% das intenções de voto, e Tarcísio, com 10%.


O PL tem hoje a maior bancada da Câmara e do Senado, com 87 deputados federais e 15 senadores. Na conta de integrantes da sigla, o número poderia chegar a 125 e 25, respectivamente, a partir das eleições de 2026.


A avaliação no PL é de que o nome de Flávio nas urnas pode não só servir de chamariz para candidatos competitivos, mas também reduzir a confusão dos eleitores na hora da votação.


Parlamentares lembram, por exemplo, do drama enfrentado por Tarcísio em 2022, quando cerca de 1 em cada 10 votos no primeiro turno para o governo de São Paulo foram perdidos porque os eleitores digitaram o número do PL em vez do número do Republicanos, resultando em votos nulos.


Em conversa com jornalistas nesta segunda-feira (15), o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que, de fato, uma candidatura presidencial de Tarcísio pelo Republicanos atrapalharia a chapa do PL nos estados.


"Ele sendo candidato no 10 [número do Republicanos], diminui voto de legenda para deputado federal. Isso atrapalha. Nós não podemos abrir mão do 22 [número do PL]", afirmou o deputado federal.


"Qual foi o gesto de aproximação ao PL que o Tarcísio fez até hoje? É público que, em várias conversas, o [ex-]presidente Bolsonaro já solicitou ao Tarcísio vir para o PL, ele nunca vem. O [ex-]presidente já falou que, se não estiver no PL, ele não vai apoiar", completou, acrescentando ser "pouco provável" que Bolsonaro desista de lançar o filho mais velho em prol de Tarcísio.


Apesar da pré-candidatura de Flávio, a eleição de senadores e deputados federais continua como prioridade para o PL.


Em diversas declarações públicas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu foco em eleger o maior número possível de senadores para inverter o jogo de forças atual e conseguir aprovar o impeachment de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) —prerrogativa exclusiva do Senado.


Já o um recorde de deputados federais interessa à sigla porque, quanto maior o número de eleitos na Câmara, maior o fundo partidário.


Diante do ceticismo do mundo político sobre a pré-candidatura de Flávio, Valdemar abriu a reunião com os dirigentes do PL nos estados, na última terça-feira (9), afirmando que o partido terá candidato próprio contra Lula (PT) no ano que vem.


Em uma demonstração de união, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) desejou sorte ao enteado e fez uma oração para que ele não fosse atingido pela "máquina de destruir reputações", de acordo com participantes do encontro. Michelle acrescentou que, "se Deus quiser", Flávio será o próximo presidente da República.


A ex-primeira-dama também pediu desculpas ao deputado federal André Fernandes (PL-CE) por tê-lo criticado por negociar o apoio do partido à possível candidatura de Ciro Gomes (PSDB) ao governo do Ceará —episódio que desencadeou uma troca de acusações entre Michelle e os filhos de Bolsonaro. Michelle disse ainda que ela e Flávio se desentenderam e se acertaram, o que é comum em toda família.


O senador, segundo relatos, disse que a madrasta será muito importante para a candidatura dele junto ao eleitorado feminino.


Flávio também afirmou, em tom de brincadeira, que o senador e secretário-geral do PL, Rogério Marinho (RN), ajudaria junto aos idosos —em alusão à reforma da Previdência, articulada por Marinho em 2019, quando era secretário especial de Previdência de Bolsonaro.

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