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quinta-feira, 30 de junho de 2016
FilmeAnimação “Procurando Dory” sustenta criatividade da Pixar com sequência nostálgica para os fãs
Reuters
Não é curioso que a coadjuvante com perda de memória recente se torne para muitos a personagem mais inesquecível do filme que guardam com carinho como parte de sua infância e adolescência?
Se a saga do peixe-palhaço Marlin, um pai superprotetor cruzando o oceano em busca de seu filho era o elemento central em “Procurando Nemo” (2003), enquanto Dory servia de alívio cômico e tinha as falas mais marcantes, havia uma angústia em seu esquecimento. Treze anos depois de sua estreia, a animação se tornou um clássico e, sendo a segunda de maior bilheteria da Pixar em todo mundo – só perde para “Toy Story 3” (2010) –, ganhou agora sua sequência, colocando em destaque o peixinho azul de listras amarelas que encantou a todos.
“Procurando Dory” apresenta em seu prólogo a agora protagonista (voz de Ellen DeGeneres no original/Maíra Goes na versão nacional) ainda pequena, tentando prestar atenção nas orientações dos seus pais para explicar que sofre de perda de memória recente, algo que ela não consegue gravar direito justamente por causa do problema. Logo, a criança já está perdida, sem saber bem o que procurar, no meio do mar, onde vai crescendo até esbarrar com Marlin (Albert Brooks/Júlio Chaves), como visto em 2003.
Um ano depois dos acontecimentos da produção anterior, Dory já está vivendo com Nemo (Hayden Rolence/Arthur Salerno, ambos novatos no papel) e seu pai no recife de coral, quando surge uma vaga lembrança de seus pais em sua mente e ela se lança em uma nova busca, agora pela sua família. O novo destino é a “joia de Morro Bay” na Califórnia. Mais especificamente, o Instituto de Vida Marinha, que é um misto de aquário, parque temático à la Sea World e centro de recuperação no estilo do brasileiro Projeto TAMAR.
As tartarugas Crush e Esguicho cruzam rapidamente o caminho do trio de protagonistas, assim como outras personagens anteriores fazem pequenas aparições e frases marcantes voltam, entregando fan service suficiente para satisfazer o sentimento nostálgico de uma geração que cresceu aprendendo que peixes são amigos e não comida. Esses fãs, hoje jovens ou adultos, são apresentados a novas figuras. Entre elas, o destaque é Hank (Ed O'Neill/Antonio Tabet, do Kibe Louco e do Porta dos Fundos), um polvo “camaleão” que tem a capacidade de se camuflar, mas sofre de síndrome do pânico e teme tanto o oceano quanto os humanos.
Percebe-se que a sequência segue a mesma trilha de “Procurando Nemo”, porém, sem soar como mera repetição, até porque é mais sobre uma busca de Dory por si mesma. Se a nova produção não tem a originalidade alcançada por “Divertida Mente” e tantos outros clássicos do estúdio, ainda conserva a criatividade da Pixar e sua capacidade de dosar humor e emoção de modo certeiro.
Se o roteiro de Andrew Stanton e Victoria Strouse até esquece um pouco da lógica, deixando um polvo tanto tempo fora da água, por exemplo, a direção do próprio Stanton e de Angus MacLane chama a atenção com o bom uso da perspectiva em primeira pessoa, demonstrando a confusão das personagens, tudo isso em um visual muito imersivo.
Entretanto, o principal feito de “Procurando Dory” está em suas mensagens, como a de “resgate, reabilitação e retorno”, reforçando a ideia do anterior de ser contra o aprisionamento, pois, incrivelmente, o número de peixes-palhaços capturados aumentou depois do longa. A animação também continua o legado da franquia de ser um tratado sobre a superproteção, ampliando o número de personagens que possuem algum tipo de deficiência física, mental ou trauma e aprendem, sozinhos, a continuar a nadar. Mais do que isso, no jeito Dory de ser, sem poder se apegar ao passado ou planejar o futuro, ela ensina a valorizar e vivenciar o presente.
(Nayara Reynaud, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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