quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

DOURADOS Justiça condena por estelionato pastor que prometeu curar cicatriz de mulher

 

                                            Foto: Clara Medeiros Arquivo/ Dourados News



O juiz Marcelo da Silva Cassavara, da 1ª Vara Criminal de Dourados, condenou o pastor David Tonelli Mainarte pelo crime de estelionato. De acordo com a denúncia feita pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), ele prometia cura a fiéis através de vídeos postados nas redes sociais. 


Conforme a decisão, datada de sexta-feira passada (5/12), o líder religioso teve aplicada pena de um ano de reclusão e o pagamento de 10 dias-multa em regime inicial aberto, porém, substituída por restritiva de direitos, na condição de prestação de serviços à comunidade, de forma a ainda ser estabelecida pela Justiça.


A denúncia foi realizada no início deste ano pelo promotor João Linhares, da 4ª Promotoria de Justiça de Dourados. 


O pastor é morador em São Paulo, porém, o caso correu na Comarca local diante do pagamento realizado pela vítima, residente no município. 


A decisão ainda cabe recurso por parte do réu junto ao TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). 


Entenda


O caso teve início em 2016, quando a vítima assistiu vídeos de Mainarte na internet prometendo ‘curas e maravilhas’, conforme narra a denúncia realizada pela promotoria. 


Na época, com pouca idade, a mulher incomodada com uma cicatriz provocada por queimaduras em uma das pernas, entrou em contato com o acusado. Para ela, o homem afirmou ser morador em São Paulo, mas que embarcaria ao Mato Grosso do Sul para a curar do sinal. 


A vítima então bancou a viagem do pastor, em torno de R$ 1,6 mil, que passou a realizar vários cultos em Campo Grande, sem conseguir entregar à vítima o que lhe havia proposto, ainda implicando a ela o fato disso não acontecer, já que segundo ele, a mulher não teria participado de todos os cultos previstos. 


O outro lado


À Justiça, o pastor negou a prática do crime e também afirmou não ter feito postagens de vídeos na internet, explicando que as imagens eram publicadas por fiéis que ‘gravaram os milagres ocorridos e postaram no Youtube”, diz trecho da decisão que o Dourados News teve acesso. 


Porém, segundo o magistrado, as divulgações eram realizadas pela própria esposa dele. 


Mainarte também relatou ao juiz que era pastor itinerante e a vinda ao Mato Grosso do Sul na época foi bancada pela vítima porque ela havia se oferecido a custear a viagem, relatando ainda ter procurado um líder religioso local, que contou não ter verba para o deslocamento dele entre os Estados. 


Ele negou também prometer curas, já que não tem poder de Deus, e relatou fazer orações às pessoas. 


“[Mainarte] Indagou a vítima se ela teria fé para receber as orações. Nega que tenha feito a promessa da cura da cicatriz dela, já que não tem esse poder de Deus, apenas faz orações”, diz trecho do documento relacionado à defesa, continuando, “nega que tenha exigido dinheiro para realizar qualquer milagre, reforçando que apenas faz orações para que este possa se manifestar”, diz. 


Apesar das negativas, a Justiça entendeu que o pastor agiu com dolo, “com plena consciência de que suas promessas de curas das cicatrizes eram falsas”. 


Adriano Moretto


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