Diante de um filho com uma doença grave, sem muitos tratamentos possíveis, e da iminência de sua morte, você se agarraria ao quê para acreditar em sua improvável recuperação? “Inexplicável”, que estreia nos cinemas na próxima quinta-feira (5), é um retrato de como, em muitos casos, a fé é o caminho escolhido pelas famílias.
Baseado em uma história real, com direção de Fabrício Bittar (“Como Hackear Seu Chefe”), o longa-metragem conta a trajetória de Gabriel Varandas (Miguel Venerabile), menino de 8 anos apaixonado por futebol. Capitão de seu time mirim, Gabriel enfrenta sérios problemas de saúde após passar mal ao final de um jogo – um tumor no cérebro seguido de uma meningite bacteriana. Depois de ser submetido a diversos procedimentos médicos, dos quais surgem pouquíssimas respostas positivas, o garoto chega até mesmo a ser dado como morto.
A produção retrata também a luta de seus pais, Yanna (Letícia Spiller) e Marcus (Eriberto Leão), para permanecerem confiantes durante seu tratamento. Enquanto a mãe logo se agarra à fé para seguir otimista ao lado do filho, o pai permanece mais cético, apoiando-se apenas nos laudos médicos temerosos.
No drama, Letícia e Eriberto dão vida à dor que muitos pais enfrentam ao verem seus filhos passarem dias e dias em um leito de hospital, além do sofrimento ao encararem de frente a morte destes, contrariando o “ciclo natural da vida”. Porém, ao contrário de muitas situações reais, além de uma rede familiar muito sólida, que os auxilia desde o primeiro instante, a história traz uma mensagem otimista ao final – já que, até hoje, os médicos não conseguem explicar a recuperação de Gabriel.
— É um filme que traz muitas mensagens que fazem a gente refletir. Aqui, no caso, nós temos um final feliz, um final inexplicável e surpreendente, mas talvez ele seria outro se não acontecessem as conexões que aconteceram na história — diz Letícia. — O filme ensina que a gente não é sozinho e que faz parte de uma grande rede de conexão e amor.
Antes de ser transformada em filme, a história de Gabriel já havia sido retratada no livro “O Menino que Queria Jogar Futebol”, do jornalista e escritor Phelipe Caldas, lançado em 2018. Hoje, “Inexplicável” embarca em um momento de maior procura do público por dramas reais – como no caso de “Ainda Estou Aqui”, filme de Walter Salles que também chegou recentemente às telonas, mas já foi visto por mais de 2 milhões de pessoas.
— Acho que a história real fascina muito porque cria uma identificação. A gente sabe que se aconteceu com uma pessoa real, pode acontecer com a gente — diz o diretor, Fabrício Bittar. — Essa catarse que o cinema pode criar, de você se colocar na história, é algo realmente fascinante.
Para Letícia e Eriberto, que são amigos de longa data, a parceria “não poderia ser com outra pessoa”. Enquanto esse é o retorno da atriz para o cinema – além de ter passado uma temporada fora do país, durante as gravações de uma série –, o ator, hoje, está no ar com a novela “Mania de Você”, da Globo.
— A gente já trocava muito antes da gente fazer esse filme e nunca tinha feito algo tão profundo, nem com tanta gente — comenta a atriz. — Foi muito importante ser o Eriberto, a equipe, o Fabrício e as crianças com a pureza delas.
Para o ator, a leveza dos atores mirins foi um fator importante durante toda a produção, visto a dureza da trajetória de Gabriel.
— Em um momento, por exemplo, o Gabriel estava no hospital, entubado, e aí ele (Miguel Venerabile) tirava o tubo e fazia uma piada, uma brincadeira. As crianças são assim — conta Eriberto. — Elas têm essa pureza, essa ingenuidade, mas elas não sabem o que está acontecendo realmente, sabem que é grave, mas não sabem o tamanho.
Ambos também relatam que tiveram grandes receios ao adentrarem a história e entrarem em contato com os sentimentos vivenciados pelos pais de Gabriel e por tantas outras famílias.
— Foi uma missão, porque era uma história que tinha que ser contada — finaliza Eriberto.
Segundo a distribuidora do longa, a Clube Filmes, parte da renda gerada pelas bilheterias do filme será doada para o Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAAC).
Por
Fernanda Alves Davi*— São Paulo
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