quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Novo polo de vinhos finos surge no agreste pernambucano

 

                                           Foto: Pixabay



Segundo as informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), um avanço no setor vitivinícola está se delineando no Agreste pernambucano, graças a uma pesquisa inovadora conduzida pela Embrapa Semiárido (PE) em colaboração com a Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (Ufape) e o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). A pesquisa recomenda seis variedades de uvas especificamente adaptadas para a região, com dados robustos que comprovam a viabilidade e qualidade da produção local de vinhos.



O estudo focou no cultivo e avaliação de dez variedades de uvas europeias ao longo de cinco ciclos de produção no campo experimental do IPA, situado em Brejão (PE). A pesquisa teve como objetivo analisar o comportamento agronômico, a adaptação das variedades ao clima local, a qualidade das uvas e o potencial enológico para a produção de vinhos em áreas não tradicionais, conforme dados da Embrapa.


Para vinhos brancos, as cultivares recomendadas são Sauvignon Blanc, Muscat Blanc à Petits Grains (também conhecido como Moscato Branco) e Viognier. No caso dos vinhos tintos, as variedades mais adequadas são Syrah, Cabernet Sauvignon e Malbec. Segundo a coordenadora do projeto, Patrícia Coelho de Souza Leão, da Embrapa, essas variedades foram selecionadas com base em seu desempenho agronômico superior, produtividade e potencial enológico.


A pesquisa também incluiu a vinificação dos vinhos produzidos com as uvas cultivadas, utilizando métodos tradicionais em escala experimental no Laboratório de Enologia da Embrapa Semiárido. Os vinhos obtidos atenderam às exigências da legislação brasileira para vinhos finos secos e receberam avaliações positivas em análises sensoriais realizadas pela Escola do Vinho do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE), que confirmaram a alta qualidade dos vinhos da região. O estudo promoveu o desenvolvimento do cultivo de uvas viníferas e a produção de vinhos de alta qualidade no Agreste, atraindo empreendedores interessados no enoturismo como uma nova oportunidade de negócio.



As variedades estudadas demonstraram características distintas: Muscat Blanc à Petits Grains teve um ciclo produtivo de 129 dias, com produtividade média de 6 toneladas por hectare, destacando-se por seu vinho branco seco com aromas de frutas tropicais e notas cítricas. Sauvignon Blanc apresentou um ciclo de 135 dias e uma produtividade de 11 toneladas por hectare, com vinhos de aromas frutados e equilíbrio notável. Viognier teve um ciclo de produção de 132 a 138 dias, resultando em vinhos com aroma complexo e sabor equilibrado.


Entre as variedades tintas, Syrah teve um ciclo de 144 dias e produtividade de 10 toneladas por hectare, com vinhos rubis e notas de frutas vermelhas. Cabernet Sauvignon apresentou um ciclo de até 160 dias e uma produtividade de 4 toneladas por hectare, produzindo vinhos com aromas de especiarias e frutas vermelhas. Já Malbec, com um ciclo de 146 dias e produtividade de até 18 toneladas por hectare, resultou em vinhos com características frutadas e corpo leve.


De acordo com a Embrapa, no próximo passo da pesquisa é aprimorar o cultivo para estabelecer um sistema de produção mais eficiente e competitivo. A continuidade dos estudos é fundamental para otimizar práticas de manejo, avaliar novas cultivares e garantir uvas de alta qualidade. O cenário da vitivinicultura tropical no Brasil é diversificado, com produções em regiões de clima tropical e subtropical de altitude, como o Submédio do Vale do São Francisco, e em áreas semiáridas. A Microrregião de Garanhuns, situada a quase 900 metros acima do nível do mar, destaca-se por seu clima de altitude, que permite a possibilidade de uma única safra anual, configurando um ambiente propício para a vitivinicultura.


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