quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Múmia intacta de rinoceronte-lanoso de 32,4 mil anos é descoberta na Rússia

 

                                              Getty Images


Como se preservado em uma câmara frigorífica natural, um rinoceronte-lanoso (Coelodonta antiquitatis) foi desenterrado recentemente do permafrost perto do rio Tirekhtyakh, em Yakutia, na parte oriental da Sibéria russa. Estimado em pelo menos 32,4 mil anos, o animal foi chamado de “rinoceronte de Abyisky” em homenagem ao distrito no qual foi encontrado.


Conforme o artigo publicado na revista Doklady Earth Sciences, a carcaça congelada foi descoberta no verão de 2020 e considerada uma “múmia” natural devido ao seu estado de conservação, com muitas partes dos tecidos moles e pele perfeitamente intactas no seu repouso congelante, o que permitiu uma série de insights sobre a anatomia do animal extinto.


Os rinocerontes-lanosos viveram durante a chamada Era do Gelo, quando dividiam seu habitat com outros lanosos de pelagem densa e longa, como os mamutes e demais componentes da família dos proboscídeos, animais de tromba e presas que foram os ancestrais dos elefantes modernos, como mastodontes, gonfotérios e paleoloxodontes.


"Neste estudo, descrevemos uma múmia congelada recém-descoberta de um jovem rinoceronte lanoso (4 a 4,5 anos), datada do Interstadial Karginiano do Neopleistoceno Superior (32.440 ± 140 anos atrás)", afirmam os pesquisadores no estudo, mostrando uma margem de erro de apenas 140 anos na datação.


A idade do jovem rinoceronte pôde ser comprovada em seus pelos lanosos, que se apresentam curtos e relativamente claros, ao contrário dos pelos grossos e escuros dos animais adultos. Abrigados na lã, a equipe descobriu indícios de pequenos crustáceos parasitas, conhecidos como pulgas d’água (Cladocera: Moinidae), que não existem mais na região.


Uma "peculiaridade anatômica" no corpo do animal mumificado foi a presença de uma corcunda gordurosa em suas costas, algo nunca visto antes em outros exemplares da espécie. Esses depósitos de gordura, vistos até então em mamutes-lanosos, e atualmente em alguns animais que vivem em ambientes frios, podem ter servido como um isolante térmico, ou uma reserva de energia para períodos de escassez de alimentos.


O apogeu dos rinocerontes-lanosos


Vivendo na última grande era glacial da Terra, os rinocerontes-lanosos eram herbívoros grandes e peludos, com até 2 metros de altura e 3,5 metros de comprimento, podendo atingir 2,7 mil kg de peso. Eles viviam em regiões frias da Eurásia, do norte da Europa à Sibéria. Suas características físicas peculiares permitiram que eles vivessem em condições adversas, até cerca de 10 mil anos atrás, quando mudanças climáticas reduziram seu habitat.


Embora fossem abundantes durante o seu auge, somente seis corpos preservados de rinocerontes-lanosos foram recuperados até agora, na Yakutia, sendo o primeiro deles no século 18. A descoberta mais recente, feita também no verão deste ano, ocorreu no distrito rural de Oymyakonsky, na Rússia, quando mineradores descobriram, por acaso, os restos mumificados de um rinoceronte-lanoso em uma pedreira.


Há dez anos, a Yakutia já havia se notabilizado como lar de rinocerontes-lanosos por entregar outro espécime, também jovem (entre 1,5 e 2 anos quando morreu), que ficou mundialmente conhecido como “Sasha”. Com uma pelagem avermelhada, descrita pelos pesquisadores como "louro-morango", esse rinoceronte-lanoso juvenil permitiu a realização de análises detalhadas de DNA para explicar melhor a espécie.


Devido às atuais mudanças climáticas, muitas espécies têm sido reveladas pelo degelo do permafrost. Além de rinocerontes, também outros tipos de animais puderam ser escavados, como mamutes, lobos, leões-das-cavernas e até pássaros. Nos últimos anos, o aquecimento global vem expondo restos de animais e plantas enterrados durante as eras glaciais.


No entanto, encontrar essas criaturas antigas tem sido uma espécie de corrida contra o tempo, pois assim que descobertos e expostos aos elementos, esses antigos animais começam a se degradar de forma rápida, tornando-se imprestáveis para a pesquisa científica e sumindo de vez do registro fóssil.


Mantenha-se atualizado com as mais recentes descobertas cientificas aqui no TecMundo. Se desejar, aproveite para entender como podemos, estar a um passo de ressuscitar um mamute. Até a próxima!


Jorge Marin

via nexperts

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