sábado, 21 de setembro de 2024

Bolsonaro estará elegível, e impeachment de ministros do STF pode ser pauta em 2026, diz presidente do PP

 

                                           Marcos Oliveira/Marcos Oliveira/Agência Senado 

Presidente do PP diz apoiar Hugo Motta em sucessão na Câmara e que ex-presidente fez apelo para discussão de anistia

Líder do centrão, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) diz acreditar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) poderá ser candidato ao Palácio do Planalto de novo em 2026, mesmo com uma série de obstáculos jurídicos.


O presidente do PP afirma confiar que Bolsonaro –inelegível por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)– recuperará os direitos políticos. Ou por meio do próprio Judiciário, ou por anistia do Congresso. "Todo mundo acha que o Bolsonaro vai ser candidato", diz em entrevista à Folha.


O senador avalia que, se a postura dos ministros do STF não mudar, o impeachment de integrantes da corte será uma das principais pautas na eleição ao Senado em 2026.


Ciro ainda defende o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) como futuro presidente da Câmara e diz que Bolsonaro já fez um "apelo" para que ele, se eleito, paute propostas de seu interesse, como a anistia aos condenados pelo 8 de janeiro.


Como presidente do PP, o sr. apoia o nome de Hugo Motta (Republicanos-PB) para a presidência da Câmara?

O [presidente da Câmara] Arthur Lira alertou isso antes, que os três candidatos que estavam colocados, de partidos expressivos, o Marcos Pereira, o Elmar Nascimento e o Antonio Brito [do Republicanos, União Brasil e PSD, respectivamente], entraram na campanha muito cedo. Começou uma disputa muito forte e eu já previa que isso ia dar problema, que ia acabar vindo um terceiro ou quarto nome.



Se o Arthur fosse optar por questão de proximidade, tinha optado pelo Elmar, talvez o melhor amigo dele na Casa. Mas ele achou que era melhor um nome que aglutinasse mais, e eu não tenho dúvida de que o Hugo vai ser candidato único no início do ano.


Mas até agora Elmar e Brito continuam na disputa, e Motta não virou esse candidato de consenso.

Eu tenho 30 anos de Câmara, acompanho os processos, [sei que] vai acontecer. Agora está no processo de decantar.


O Brito e o Hugo, você pode dizer, ‘Ah, mas os dois podem se juntar’. É impossível. Eles têm a mesma origem do PFL, saíram completamente rompidos de uma forma irreversível. O [Gilberto] Kassab com os líderes do União [Brasil] são água e vinho, não se toleram.


O sentimento de vitória do Hugo está muito forte na Casa. E, além do mais, o Hugo tem ao lado dele o maior eleitor da Casa, que é o Arthur.


Lira buscou aval do presidente Lula (PT) para a negociação. Isso significa que Motta pode ser um candidato governista?

O que o Arthur deve estar buscando é o consenso. Sem o apoio de Lula, de Bolsonaro, não existe consenso. E os dois, pelo que eu sei, deram aval [ao Hugo].


Mas de jeito nenhum [será governista]. Ele vai ser um candidato da Casa. O perfil dele tem que ser de independência. O Hugo vai ter o mesmo perfil do Lira.



O sr. disse que Motta foi atrás do Bolsonaro. O ex-presidente colocou como condição para o apoio a votação da anistia aos condenados pelo 8 de janeiro?

Não. Defendeu que o presidente da Casa coloque em votação as matérias, independentemente de ser governo ou oposição. E essa matéria de 8 de janeiro é uma delas.


Mas ele falou especificamente desta?

Eu acredito que sim. [Pediu] ao Hugo que não utilize a questão de ser governo ou oposição para evitar que matéria seja colocada em plenário, e nisso está incluído o 8 de janeiro. É o correto, tem que colocar as matérias para serem votadas, independentemente do posicionamento dele. Se não for votada este ano, não tem por que o Hugo deixar de colocar as matérias para serem votadas em plenário.


Alguns parlamentares diziam que esse projeto de alguma forma pode avançar ou imbicar para um perdão a Bolsonaro. O sr. vê assim?

Não. Eu mesmo sou autor de um projeto que anistia o presidente Bolsonaro para que ele possa disputar a eleição. Esse é um processo completamente diferente, porque o presidente Bolsonaro não tem nada a ver com o 8 de janeiro. São processos distintos.


Ele não pede para ser incluído nessa anistia?

Que eu saiba, não. O projeto que está tramitando não tem nada a ver com ele. Ainda bem que ele não está condenado a nada pelo 8 de janeiro.



Apuramos que a tendência é que ele seja indiciado pelo 8 de janeiro.

Aí é uma vontade de alguns. Não tem por que isso acontecer. Indiciá-lo no 8 de janeiro é o mesmo absurdo que tirar os direitos políticos enquanto tem uma reunião com embaixador.


Vê alguma chance de ele ser candidato a presidente em 2026?

Ele vai ser nosso candidato em 2026, se Deus quiser. O próprio processo de anistia é uma opção. E o recurso no TSE, que pode habilitá-lo. As pessoas não vão entender que uma pessoa fica inelegível na reunião com embaixador. Todo mundo acha que o Bolsonaro vai ser candidato. O próprio TSE vai ser compelido a rever essa posição.


O processo de inelegibilidade deve, inevitavelmente, acabar no STF. Vê chance de o Supremo alterar a decisão?

Se os ministros do Supremo se despirem das suas ideologias e forem realmente juízes [sim].


O sr. vê motivos para o impeachment de um ministro nesse momento?

Essa discussão de impeachment é mais de posicionamento político, não tem chance de passar um impeachment hoje com essa composição do Senado. É mais discurso político, não tem essa possibilidade.


Julia ChaibThaísa OliveiraFolha de São Paulo

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