quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Análise: 'Oppenheimer' lidera indicações ao Oscar e é o filme a ser batido na temporada

 

                                            Cillian Murphy em cena de 'Oppenheimer', de Christopher Nolan — Foto: Divulgação


Os indicados ao Oscar 2024 foram anunciados na manhã desta terça-feira (23), em Los Angeles, nos Estados Unidos. Conduzido pela atriz Zazie Beetz ("Coringa") e pelo ator Jack Quaid ("The Boys") e transmitido nas redes sociais da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, o anúncio comprovou uma coisa: “Oppenheimer” é o filme a ser batido.


O drama de Christopher Nolan sobre o pai da bomba atômica concorre em nada menos que 13 categorias na 96ª edição do Oscar, duas a mais que "Pobres criaturas", de Yorgos Lanthimos. "Assassinos da lua das flores", de Martin Scorsese, ficou com a medalha de bronze com 10 indicações.


Faltando 47 dias para a cerimônia é difícil imaginar que alguma produção possa crescer o suficiente na temporada de premiações para tirar de "Oppenheimer" o Oscar de melhor filme. O longa já conquistou o Globo de Ouro e o Critics' Choice Awards, além de liderar indicações ao SAG Awards (premiação do sindicato dos atores) e ao BAFTA, e é favorito absoluto na categoria principal, que disputa com "American fiction", "Barbie", "Anatomia de uma queda", "Os rejeitados", "Assassinos da lua das flores", "Maestro", "Vidas passadas", "Pobres criaturas" e "Zona de interesse".


Além de melhor filme, "Oppenheimer" desponta como favorito nas disputas de melhor direção (Nolan), ator coadjuvante (Robert Downey Jr.), montagem e trilha sonora original. O longa também possui grandes chances na corrida por melhor ator, com Cillian Murphy, mas esta parece uma categoria ainda aberta diante do crescimento de Paul Giamatti (“Os rejeitados”).


Após disputarem a atenção nos cinemas no ano passado, quando estrearam no mesmo dia (20 de julho), muitos acreditavam que o fenômeno “Barbenheimer” também seria reproduzido no Oscar. Ainda que “Barbie” também tenha recebido um bom número de indicações (oito), é difícil falar em qualquer equilíbrio de forças. O longa sobre a clássica boneca da Mattel está na disputa de melhor filme, mas acabou ignorado em categorias importantes, em especial melhor direção e atriz. Indicada por “Lady Bird: A hora de voar” (2017) e esnobada por “Adoráveis mulheres” (2019), Greta Gerwig voltou a ser deixada de lado na categoria de direção. Ela ainda tem a chance de ganhar melhor roteiro adaptado pelo texto escrito em parceria com o marido Noah Baumbach.


Também chamou atenção com relação a “Barbie” o fato do Ken ter recebido uma indicação, enquanto que a Barbie tenha sido ignorada. Ryan Gosling está na corrida de melhor ator coadjucante e irá enfrentar Downey Jr., Robert De Niro (“Assassinos da lua das flores”), Sterling K. Brown (“American Fiction”) e Mark Ruffalo (“Pobres criaturas”). Já Margot Robbie ficou de fora da disputa dentre as atrizes, sendo preterida por Emma Stone (“Pobres criaturas”), Lily Gladstone (“Assassinos da lua das flores”), Carey Mulligan (“Maestro”), Sandra Hüller (“Anatomia de uma queda”) e Annette Bening (“Nyad”). Como consolo para “Barbie”, America Ferrera obteve uma inesperada indicação como melhor atriz coadjuvante, onde irá concorrer com a favorita Da’Vine Joy Randolph (“Os rejeitados”) e as colegas Jodie Foster (“Nyad”) Danielle Brooks (“A cor púrpura”) e Emily Blunt (“Oppenheimer”).


Nos últimos anos, a Academia vem adotando políticas de inclusão com o aumento do número de membros para incluir profissionais mais diversos e representativos, de diferentes partes do mundo. E o resultado pode ser visto na prática. Em 2024, a premiação contou com votos vindos de 93 países diferentes. embora a ampla maioria dos quase 11 mil membros seja natural dos Estados Unidos, a lista de indicados já reflete uma maior descentralização com a presença marcante do francês “Anatomia de uma queda”, o coreano “Vidas passadas”, o britânico/polonês “Zona de interesse” e o espanhol “A sociedade da neve”.


O caso mais impressionante é o de “Anatomia de uma queda”. O filme, que havia sido preterido pela França na escolha por um representante na categoria de longa internacional, recebeu indicações a melhor filme, direção, atriz, roteiro original e montagem. A cineasta Justine Triet, inclusive, é a única mulher na disputa de melhor direção, concorrendo com Nolan, Lanthimos, Scorsese e Jonathan Glazer (“Zona de interesse”).


Scorsese, por sinal, recebeu sua décima indicação ao prêmio da Academia, superando Steven Spielberg, com nove, como o diretor vivo com maior número de indicações. Estrela de seu filme, Lily Gladstone se tornou a primeira atriz de origem indígena a ser indicada na categoria, sendo apontada como uma das favoritas ao troféu. Outra marca importante veio na disputa de melhor trilha sonora original, na qual John Williams recebeu sua 54ª nomeação. Ele é a pessoa viva com maior número de indicações e a segunda dentre todos na história. Apenas Walt Disney, com 59 indicações, recebeu mais. O lendário compositor, de 91 anos, também expandiu o próprio recorde como pessoa mais velha a ser indicada a uma estatueta.


O Oscar 2024 acontece no dia 10 de março, com apresentação de Jimmy Kimmel.

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