segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Vai dar Haruki Murakami? Confira os favoritos ao Nobel de Literatura nas casas de aposta

 

                                           O escritor japonês Haruki Murakami — Foto: Iván Giménez / Tusquets / Divulgação



Entra ano, sai ano, e o escritor japonês Haruki Murakami não sai das listas de apostas do Prêmio Nobel de Literatura, que será anunciado nesta quinta-feira (5). Nesta segunda (2), o autor de “Norwegian Wood” ocupava a décima posição no ranking da Nicer Odds, um dos principais sites de aposta do Reino Unido. Completam a lista outros nomes que, ano após ano, despontam como favoritos, como o queniano Ngũgĩ wa Thiong'o, o poeta sírio Adonis e o romeno Mircea Cărtărescu.


George Saunders: 'O autoritarismo aposta na mentira'

Sexo: Autores brasileiros falam dos desafios de escrever sobre os prazeres da carne

Diferentemente do que vinha ocorrendo nos últimos anos, há apenas uma mulher entre os mais cotados para o prêmio da Academia Sueca: a chinesa Can Xue. No ano passado, a vencedora do Nobel foi a francesa Annie Ernaux, que, apenas um mês após o anúncio, participou da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).


Confira abaixo os favoritos ao Nobel de Literatura segundo as casas de aposta:


Jon Fosse

Escritor e dramaturgo, o norueguês vem aparecendo com cada vez mais frequência no ranking das casas de apostas. Nascido na costa oeste do país nórdico, é considerado um dos grandes autores de sua geração, celebrado por transitar entre a prosa e a poesia, o ensaio e a ficção, o teatro e os títulos infantis. Estreou na literatura com a publicação do conto “Han” em um jornal estudantil. Depois anos mais tarde, lançou “Raud, svart”, seu primeiro romance. Por “Trilogien”, recebeu o prestigioso Nordic Council Literature Prize, em 2015. Seus livros já foram trazidos para mais de 50 idiomas. No Brasil, a Companhia das Letras acaba de publicar “É a Ales”, romance que acompanha uma mulher cujo marido desapareceu após sair de barco em um fiorde. A editora Fósforo confirmou em primeira mão ao GLOBO que vai publicar, ainda este mês, "Brancura", romance onírico protagonizado por um homem que começa a dirigir sem rumo e, desconhecendo as próprias motivações, conduz seu carro até uma floresta.



Ngũgĩ wa Thiong’o

Há anos, o queniano é um dos favoritos para arrematar o Prêmio Nobel de Literatura. Nascido em 1938, é um dos principais escritores africanos em atividade. Em 1977, acabou preso por escrever uma peça teatral que desagradou o governo queniano. Publicadas no Brasil pela Companhia das Letras e pela Biblioteca Azul (Globo Livros), as obras de Ngũgĩ wa Thiong’o com frequência refletem sobre a luta pela independência de seus país e as fraturas do colonialismo, misturando a herança ocidental e as tradições locais. Seu romance mais conhecido, “Um grão de trigo”, lançado em 1967 (quatro anos após a independência do Quênia) é ao mesmo tempo uma afirmação da cultura queniana e uma meditação sobre as contradições e incertezas do novo momento de seu país. O autor já participou da Flip.


Can Xue

Inédita no Brasil, a chinesa nascida em 1953 se tornou célebre por romper com o realismo da literatura chinesa moderna. Autora de romances, novelas e crítica literária em que analisa a obra de autores como Dante Alighieri, Jorge Luis Borges e Franz Kafka, é no conto que Xue se destaca. Já editada em inglês, ela foi descrita como “a autora de ficção experimental mais proeminente da China”.


Gerald Murnane

Também inédito no Brasil, o australiano é conhecido sobretudo pelo romance “The Plains” (As planícies), que chegou a ser editado em Portugal. Em 2018, o jornal The New York Times o descreveu como “o maior escritor de língua inglesa de quem a maioria das pessoas nunca ouviu falar”. Murnane tem 84 anos e vive na cidade de Goroke, em seu país natal.


Mircea Cărtărescu

O romeno de 67 anos é um dos maiores prosadores de seu país. Ficcionista, ensaísta e professor de literatura na Universidade de Bucareste, é autor de “Nostalgia”, romance publicado no Brasil pela editora Mundaréu. “Nostalgia” é composto por cinco histórias autônomas – “Prólogo (O roletista)”, “O mendébil”, “Os gêmeos”, “REM” e “Epílogo (O arquiteto)” –, nas quais se repetem a linguagem sinuosa, a temática (desafio ao destino, memória, transcendência e a vida em Bucareste, capital da Romênia, em diferentes momentos do século XX) e doses de absurdo que lembram Franz Kafka e Jorge Luis Borges. A primeira das histórias, “Prológo (O roletista)” foi excluída da primeira edição do livro, de 1989, por ordem da censura romena, e conta as desventuras de um jogador de roleta- russa que sobrevivia sempre, contra todas as probabilidades.



Raúl Zurita

Aos 73 anos, o chileno carrega nos ombros a missão de conquistar o terceiro Nobel de Literatura de seu país, pátria dos premiados Gabriela Mistral e Pablo Neruda. A obra de Zurita é marcada pelo impacto da ditadura militar de Augusto Pinochet, que encarcerou e torturou o poeta por sua militância de esquerda. Seus versos, que oscilam entre o pessoal e o coletivo, são bastante populares nos Estados Unidos, onde Zurita lecionou. No entanto, o poeta segue inédito no Brasil.


Yan Lianke

O chinês de 65 anos não tem sequer um verbete em português na Wikipédia. Mas já foi publicado no Brasil. Em 2018, a Record lançou “Os beijos de Lênin”, sátira da vida rural na China. Vencedor do Prêmio Kafka, o romancista foi militar e, em 1979, engajou-se no Exército da Libertação Popular, braço armado do Partido Comunista. Hoje, porém, tem livros banidos em seu país, apesar de ter sido um autor de sucesso por lá.


Adonis

Desde a explosão da guerra civil síria, em 2011, o poeta passou a frequentar as listas de apostas do Nobel de Literatura. Nascido Ali Ahmad Said Esber (Adonis é um pseudônimo), em 1930, o autor editou revistas literárias, traduziu poemas ocidentais e exilou-se primeiro no Líbano e depois em Paris. Além de versos, escreve ensaios. Em 2011, tornou-se o primeiro poeta árabe a ganhar o Prêmio Goethe, na Alemanha. No Brasil, a Companhia das Letras publicou uma seleção de seus versos intitulada “Poemas”. Em 2012, veio à Flip.


David Grossman

Um dos maiores autores israelenses, o romancista de 69 anos é também um dos mais respeitados intelectuais de seu país e defensor da paz com os palestinos. Publicado pela Companhia das Letras, já veio diversas vezes ao Brasil. É autor de títulos como “O inferno dos outros”, “A vida brinca muito comigo” e “A mulher foge”. Em 2017, em entrevista ao GLOBO, disse: “Eu nunca tive um dia de paz na minha vida”.



Haruki Murakami

E, por fim, temos Haruki Murakami, que há anos é tido como favorito ao prêmio da Academia Sueca. Extremamente popular entre os leitores, Murakami nasceu em Kyoto em 1949 e é autor de títulos como “Kafka à beira-mar”, “Do que eu falo quando falo de corrida” e da trilogia “1Q84”. É conhecido por retratar um Japão já afastado das tradições milenares e bastante palatável ao público ocidental. No Brasil, já foi publicado pela Estação Liberdade, mas hoje integra o catálogo da Companhia das Letras.




Por 

— São Paulo O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário