quarta-feira, 12 de julho de 2023

Artistas e admiradores lamentam a morte de Castelo

 

                                             Foto: Divulgação



O chamamé está de luto. Considerado um dos precursores do gênero, Antônio Rodrigues de Queiroz, que fez fama sob o nome artístico de Castelo, faleceu na noite de domingo. O sepultamento foi ontem, às 8h, no Cemitério Jardim das Palmeiras, em Campo Grande.


Com quase seis décadas de carreira, Castelo, que nasceu em Três Lagoas no dia 12 de maio de 1951, foi vitimado por uma infecção que se alastrou, após um procedimento cirúrgico em junho.


Aos 72 anos, o artista encontrava-se em tratamento médico em decorrência de problemas cardíacos e estava internado no Hospital Regional de Campo Grande. Castelo seria submetido a mais uma cirurgia e vinha reagindo bem ao tratamento.


Além de ter percorrido – e encantado – o território sul-mato-grossense por décadas, ele se apresentou em outros estados brasileiros e também em outros países, como Argentina, Paraguai, Bolívia e Japão.



Sua carreira teve início em 1964. Após atuar em dupla com Durvalino de Souza, Castelo formou o Trio Serenata (Alex, Queiróz e Cidinho Castelo), com quem lançou o primeiro disco. Foram mais de 40 álbuns ao longo da carreira.


O chamamezeiro passou a se apresentar com um novo grupo, Os Filhos do Pantanal, nos anos 1980, antes de lançar mais uma dupla, Castelo & Mansão, de “Garça Branca” e outros hits.


Outras formações importantes protagonizadas por Castelo foram o Grupo Pantanal, na década seguinte, ao lado de Germano, Joãozinho e Aldo, e o Grupo Carandá, que surgiu em 2000. “44 anos de Estrada” e “Chamamés e Guarânias” estão entre seus álbuns mais recentes.


REPERCUSSÃO

Com a voz embargada, ao recordar das inúmeras viagens ao lado de Castelo para o vizinho Mato Grosso, além de Minas Gerais e outros estados, o economista Lauredi Sandim, 68 anos, descreve com grande reverência o amigo de mais de quatro décadas


“O Castelo foi assim… Um amigo especial que a gente teve. Uma pessoa muito respeitada no meio musical, com mais de 200 canções, e já havia se tornado uma lenda. Ele deixa um legado como legítimo representante da cultura sul-mato-grossense com o chamamé”, afirmou Sandim, fundador e diretor do Instituto de Pesquisas de Mato Grosso do Sul (Ipems).


“Ele estava bem ativo, com um projeto no Fundo de Investimentos Culturais de Mato Grosso do Sul [FIC-MS] para gravar um DVD com músicas dos anos 1930 para frente, retratando a cultura campo-grandense e o ‘Poeira’, [conhecido personagem urbano] que morava no Bairro São Francisco”, contou o economista.


“Era um excelente cantor com sua voz única, em um tom grave, e muito bom de base, fazendo violão para os acordeonistas chamamezeiros. Um músico completo, como cantor, instrumentista e compositor. No dia 21 de junho, fizemos um evento para comemorar os 32 anos do Ipems, e ele fez muita falta. Castelo sempre foi muito presente”, disse Sandim sobre o amigo de longa data.


“Desta geração que começou nos anos 1960, Castelo foi o que mais levou a música de MS além-fronteira. No meio do chamamé, atingiu o respeito máximo da turma mais tradicional e frequentou os principais festivais do gênero na Argentina, o berço do estilo. Além de ser um cantor excelente, sua simpatia conquistava a todos. A música fronteiriça brasileira está de luto”, revelou o músico e pesquisador Rodrigo Teixeira.


BRILHANTE

Desde a noite de domingo, assim que Laura Ikeziri, esposa de Castelo, divulgou a morte do músico, uma grande comoção rapidamente tomou conta do meio artístico. O acordeonista Marlon Maciel postou a seguinte mensagem em seu perfil no Instagram.


“Um dia de profunda tristeza. Antônio Rodrigues de Queiroz, o Castelo, nosso artista da música sul-mato-grossense, faleceu aos 72 anos. Sua voz inconfundível e seu talento excepcional encantaram gerações. Com uma carreira brilhante, Castelo deixou sua marca na música de Mato Grosso do Sul e levou seu nome para o Brasil e para o mundo. Sua partida deixa um vazio irreparável. Descanse em paz, querido amigo Castelo. Sua música viverá para sempre”, escreveu.


A produtora de televisão Sandra Freitas também se manifestou.


“Castelo, Guri Chamamezeiro. Com quase 60 [anos] de carreira! Que levou a garça branca do Pantanal para o Brasil e o mundo conhecerem. Que reverencia a beleza da moça do chamamé e conta coisas do Poeira! E canta e encanta gerações e gerações! Amado da Laurinha, dos filhos e dos netos, amigo dos amigos e parceiro musical de todos. Atingiu um nível de excelência nas interpretações que desperta grande admiração geral. Saudamos seu talento e entusiasmo pela música! Com mais de 45 discos gravados, entre vinis, DVDs e CDs. Sua esplêndida obra, seja para curtir, seja para dançar, se espalha para seus fãs alegrar! Salve mestre Guri Chamamezeiro!”.


FANTÁSTICO

Muitos fãs não deixaram de dar o seu recado. “Ser humano fantástico, humildade, competência. Serei um eterno fã desse talento sem igual”, disse um admirador do artista.


“Uma grande perda para o nosso chamamé sul-mato-grossense, agora está ao lado do nosso querido e eterno Dino Rocha. Descanse em paz lenda!”, comentou outro fã.


Moacir Lacerda, do Grupo Acaba, elogiou Castelo como um homem íntegro e promotor da paz. “Grandiosa perda para a nossa música e cultura. Deus possa confortar seus familiares e amigos!”, escreveu.


O músico Manoel Simona disse que “era sempre um prazer quando a gente se encontrava pelos caminhos da vida e da música. Vai com Deus parceiro”.


Por sua vez, Walter Bordón, do Festival de Chamamé de Puerto Tirol, na Argentina, lamentou “la partida del querido amigo y artista Castelo, a quien tuvimos el honor de tener en nuestra grilla [a quem tivemos a honra de ter em nossa programação]”.


“Recordamos con mucho cariño el paso de Castelo por el Festival de Chamamé de Puerto Tirol y acompañamos a los familiares y amigos en su despedida”, consternou-se Bordón.


“Estou em viagem e daqui fico sabendo dessa triste notícia. Estou muito triste. Que Deus o receba com um lindo chamamé celestial. Castelo é/foi meu querido amigo e parceiro, gravou músicas minhas, inclusive a canção ‘Ser Tão Serejo’”, declarou o poeta Rubenio Marcelo.


A TVE anunciou uma programação especial, a ser veiculada ao longo desta semana, 

em homenagem a Castelo.


MARCOS PIERRY

Com o Portal Correio do Estado


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