segunda-feira, 22 de maio de 2023

Academia sul-matro-grossense de letras e UFMS fecham parceira para nova programação musical

 


A Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL) e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) firmaram uma parceria para uma nova programação musical a ser apresentada durante os eventos literários realizados na ASL.


A ação Música Erudita e suas Fronteiras faz parte do projeto Movimento Concerto, de democratização do acesso à música de concerto, desenvolvido pelos cursos de Música (licenciatura, pós-graduação e extensão) da UFMS.


O presidente da ASL, Henrique Alberto de Medeiros, e o pró-reitor de Extensão, Cultura e Esporte da UFMS, Marcelo Fernandes Pereira, anunciaram a parceria no dia 18, a qual unirá as duas instituições para estimular e difundir os estudos musicais no Estado.


Até novembro, estão programadas sete apresentações. Todos os concertos integrarão os chás e as rodas acadêmicas que são realizadas pela ASL, sempre na última quinta-feira de cada mês.



O primeiro concerto do projeto será nesta quinta, na abertura do Chá Acadêmico do Mês da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. No encontro, os imortais da ASL receberão a escritora sul-mato-grossense radicada em Paris Mazé Torquato Chotil.


Em sua conferência, a autora vai abordar o tema “A Literatura Brasileira na França”. O repertório do recital para a data não foi divulgado até o fechamento desta edição.


Segundo Henrique de Medeiros, a parceria entre a ASL e a UFMS enriquece a cultura estadual pela qualidade das duas entidades e valorizará ainda mais as atividades da Academia.


Para Marcelo Fernandes, o conceito proposto oferecerá ao público campo-grandense uma enorme diversidade de repertório, com especial atenção à música erudita brasileira, “tão rica e ainda pouco divulgada”.


O conceito de curadoria da programação conjunta entre a ASL e a UFMS não perde de foco o repertório tradicional europeu, incluindo música de câmara, sinfônica, sacra, medieval e armorial.


Mas o projeto Música Erudita e suas Fronteiras abordará ainda a produção erudita brasileira e suas inspirações nacionais, como a música urbana e rural do período colonial, imperial e da Primeira República, com apresentação de instrumentistas dos corpos docente e discente da UFMS, além de eventuais convidados.


De acordo com o professor e pró-reitor Marcelo Fernandes, as fronteiras da música erudita são amplas e dizem respeito, especialmente, ao processo e ao tratamento que as obras recebem por parte dos intérpretes e dos arranjadores. Dessa forma, ainda é possível um recital com arranjos elaborados das conhecidas canções populares brasileiras.


“Pixinguinha, por exemplo, pode ser abordado como um compositor popular ou erudito, dada a riqueza de sua obra e as possibilidades de abordagem que ela oferece. Da mesma forma, um tema popular como samba pode servir de material para uma grande obra sinfônica ou camerística”, acena o pró-reitor.


NA FRANÇA

Em meio a mais uma temporada de lançamento no Brasil, para onde veio apresentar, em uma série de eventos em MS e em outros estados, a sua nova obra “Jornal de Bordo: Brasil 2021”, a convidada do Chá Acadêmico de maio, nascida em Glória de Dourados, vive na França desde 1985. Além da presença na ASL, na quinta, às 19h, Mazé Torquato Chotil participa de um encontro com o público um dia antes, no Sesc Cultura, também no mesmo horário.


A autora antecipa alguns pontos de sua fala sobre “A Literatura Brasileira na França” na Academia. “Vou falar um pouco da história, de como e quando se começou a falar de literatura brasileira na França, dos editores que publicam brasileiros, dos autores que estão traduzidos”, adianta a escritora, que esteve em MS no ano passado para lançar “Na Sombra do Ipê”.


Apesar das traduções e do sucesso pontual de alguns autores brasileiros na terra de Balzac, Mazé ressente-se da “ausência da nossa literatura” na França. “Representamos menos de 2% das traduções francesas da literatura lusófona”, constata. “Isso se dá por vários motivos: por exemplo, o peso do mercado literário anglófono, a falta de políticas mais robustas das autoridades brasileiras ligadas ao livro”, afirma a escritora.


MOVIMENTO CONCERTO

O Movimento Concerto é um projeto de extensão da UFMS centrado no oferecimento de concertos de música erudita e suas fronteiras. Tem como produtos secundários o oferecimento de masterclasses e oficinas de iniciação musical.


Em termos de apresentações musicais, o projeto conta com três séries. A primeira delas, a Série Glauce Rocha, oferece recitais de alto nível artístico, realizados por músicos que têm reconhecida carreira artística ao lado de profissionais de destaque no cenário regional.


Já a Série Momento Musical proporciona apresentações de alunos e egressos, em conjunto com os professores do curso de Música da UFMS, em espaços diversos que sejam adequados para apresentações artísticas e musicais. Por sua vez, a Série Eventos UFMS visa atender a demanda, cada vez maior, por intervenções artísticas em aberturas de eventos acadêmico-científicos.


Ainda, o projeto prevê o oferecimento de aulas para a comunidade, que serão ministradas por bolsistas e supervisionadas por professores da UFMS.


O objetivo é fomentar a música erudita no Estado, trazendo concertistas de alto nível para MS, e difundir a produção artística interna da UFMS dentro e fora da sociedade sul-mato-grossense, com atenção especial à integração do projeto com o movimento musical já existente na região.


GUERRA-PEIXE

A Orquestra Sinfônica Municipal de Campo Grande abriu a temporada 2023 do Movimento Concerto, na semana passada, homenageando um dos maiores compositores brasileiros.


Os apreciadores da música clássica puderam acompanhar um espetáculo em homenagem à obra do músico, compositor e arranjador César Guerra-Peixe na noite de terça-feira, no Teatro Glauce Rocha. Como estudioso da música brasileira, Guerra-Peixe compôs em diversos estilos musicais.


“Executamos peças que têm característica armorial, dentre essas, algumas que fazem referência direta a nossa região. Ele compôs um poema sinfônico chamado ‘Retirada da Laguna’, e citamos alguns trechos. Tivemos dois temas desta grande obra. O primeiro foi ‘Pantanais’ e o segundo, ‘Morte do Guia Lopes’”, destaca o maestro da Orquestra Sinfônica Municipal, Eduardo Martinelli.


O regente explica que o movimento armorial, pelo qual Guerra-Peixe adentrou, foi idealizado pelo escritor Ariano Suassuna e trouxe elementos da música popular nordestina. “Tornando-se, assim, uma das mais genuínas formas de composição da música brasileira”. Na ocasião, também foram executadas peças dos compositores Cussy de Almeida, Clóvis Pereira, Waldemar de Almeida e Capiba.


Aberta gratuitamente ao público, a apresentação mobilizou uma campanha de ingressos solidários, voltada à doação voluntária de 1 kg de alimento não perecível. Os insumos arrecadados, como sempre ocorre, seguiram para instituições de assistência social cadastradas pela UFMS.


“O ingresso solidário é uma forma de ampliar os efeitos benéficos já proporcionados pela música. Todos sentimos satisfação em poder ajudar levando alimento para quem mais precisa. Desta forma, é importante para quem doa e para quem recebe”, explica Marcelo Fernandes.


Redação com informacão do Portal Correio do Estado

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