Nadia Borges
A semana que passou foi marcada por bastante oscilação na Bolsa de Chicago, devido a volta do “dólar soja” na Argentina, aponta Ruan Sene, analista de mercado da Grão Direto. Além disso, o especialista aponta o menor uso de biocombustíveis nos Estados Unidos e maior oferta de óleo de girassol da Rússia e Ucrânia como fatores de volatilidade.
“O dólar soja na Argentina, que estabelece uma taxa de câmbio específica para o complexo soja, voltou a vigorar na segunda-feira (28/11), impulsionando a venda para as exportações da safra 2021/22. De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA), os produtores venderam volumes acima de 550 mil toneladas em um dia, representando aumento de aproximadamente 600% em relação à sexta-feira anterior, quando se negociou 78.303 toneladas”, explica.
Sene acredita que a disparada nas vendas interfere diretamente no programa de exportação norte-americana, que consequentemente, prejudica as cotações de Chicago. A moeda americana terminou a semana cotada a R$ 5,22, uma queda de 3,61%. “Com a queda expressiva do dólar somada à leve alta de Chicago, as quedas foram inevitáveis para a soja brasileira, em relação à semana anterior”, analisa.
“Essa semana o relatório de vendas e exportações norte-americanas provavelmente vai confirmar que a soja argentina retirou compradores dos Estados Unidos, podendo impactar Chicago negativamente. Além disso, na sexta-feira (09/12) haverá a divulgação do Relatório de Oferta e Demanda Mundial (WASDE), que apresentará as expectativas para a próxima safra. Além disso, vale ressaltar que as condições climáticas no Brasil estão avançando de acordo com o esperado, com apenas alguns casos extremos e pontuais”, projeta.
Por outro lado, o WASDE deve reportar problemas com a produção argentina, pois mesmo com chuvas, a quebra de produção já é aguardada. “E caso haja uma diminuição expressiva, Chicago deve responder valorizando as cotações. Diante de todo esse cenário de incertezas, a semana poderá ser de recuperação nas cotações brasileiras, com uma possível valorização de Chicago”, conclui.
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