quarta-feira, 30 de junho de 2021

Impacto da geada no milho será significativo, aponta pesquisador da Embrapa

 


Por André Bento



A geada ocorrida nesta terça-feira (29) em municípios de Mato Grosso do Sul provocou impacto significativo no milho segunda safra cultivado nas principais regiões produtoras e o prejuízo no resultado desse ciclo poderá ser estimado em pelo menos uma semana. 


Essa é a avaliação do pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste Danilton Luiz Flumignan, um dos responsáveis pelo sistema de previsão que em janeiro deste ano já havia alertado para o alto risco de ocorrer esse fenômeno climático agora, na região sul do Estado. 


Na ocasião, diante da probabilidade indicada em 75%, ele ponderava ser “justamente por esse motivo que o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) estabelece que, nesta região, a época limite para a semeadura do milho safrinha é o mês de março”, ponderando que “a data mais apropriada depende do município, do tipo de solo e da cultivar utilizada”.


Hoje, a estação agrometeorológica de Dourados apurou temperatura mínima de 0.9ºC às 6h05, a mais baixa desde que 2021 começou, e condições favoráveis à ocorrência de geada de intensidade forte.


“Ainda é cedo para dizer a magnitude do impacto da geada no milho, mas vai impactar bastante. Se traçarmos uma linha imaginária de Sidrolândia para baixo, passando por Maracaju, Dourados, Ponta Porã, Amambai, Ivinhema, Nova Andradina, a grosso modo tivemos temperaturas menores que 3 graus, e a condição é favorável para geada quando é menor do que 4 graus”, disse ao Dourados News nesta manhã. 


Segundo o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, geadas de moderada a forte atingiram boa parte da região produtora de milho segunda safra e mesmo as áreas que escaparam podem ser afetadas na próxima madrugada, com previsão de frio parecido ou até mesmo mais intenso. 


De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), quase metade do território sul-mato-grossense está em alerta para geada entre 3h e 7h de quarta-feira (30), com risco de perda de plantações e temperatura mínima entre 3ºC e 0ºC. 


Ao mencionar os danos causados pela geada nas plantas, Flumignan afirma que a saída para os produtores está no planejamento para evitar a semeadura tardia. No entanto, lembra que nesta safra até quem plantou mais cedo sofreu, mas por causa da estiagem. “Produtor muitas vezes já entrou plantando na loteria. É uma questão mais de planejamento, agora não tem mais o que fazer. Infelizmente, quem plantou mais cedo também sofreu muito com a seca”, ponderou.


Conforme o Siga-MS (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio), aproximadamente 56% das lavouras sul-mato-grossenses de milho foram cultivadas no período ideal e 44% de forma tardia.


Mas as adversidades climáticas não pouparam nem quem respeitou o Zoneamento Agrícola de Risco Climático e o mais recente boletim Casa Rural divulgado pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) revisou as estimativas iniciais de produtividade e produção, indicando queda de 8,4% e 22,29%, respectivamente.


Inicialmente, o Siga-MS estimava que fossem colhidas 9,013 milhões de toneladas nos 2,003 milhões de hectares plantados no Estado, com média de 75 sacas por hectare. Contudo, na terceira semana de junho mudou essas projeções para 8,251 milhões de toneladas e 68,7 sacas por hectare. 


A publicação apontou que a ocorrência de adversidades climáticas nas principais regiões produtoras do Estado, em especial o reduzido volume de chuvas, afetou diretamente o desenvolvimento fenológico e a granação do milho, levando a maioria das lavouras a serem enquadradas na classificação “regular e ruins”.


“Observa-se a campo diversos tipos de situações, desde lavouras com espigas com má formação, plantas que não desenvolveram, estandes irregulares, dentre outros problemas que afetam diretamente o potencial produtivo da cultura”, detalhou o boletim Casa Rural.


No início do mês, também havia sido apurado que chuvas de granizo ocorridas entre 28 e 30 de maio causaram danos significativos e irreversíveis em 6.890 hectares cultivados no município de Naviraí, 600 hectares em Amambai e 50 hectares em Coronel Sapucaia. Já em Caarapó houve danos leves que não foram quantificados pelos produtores. 

“Várias destas áreas afetadas estão cobertas por seguro agrícola”, informaram os técnicos do Siga-MS na ocasião.

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