segunda-feira, 31 de maio de 2021

Agro argentino mantém “lockdown da vaca” até Junho

 



Pressão contra a decisão do governo do país vizinho de proibir a exportação de carne
Por:  -Leonardo Gottems


A Comissão de Enlace de Entidades Agropecuárias (CEEA) da Argentina anunciou que vai manter a greve na comercialização de gado até o final do próximo dia 2 de Junho. A entidade, que congrega as mais representativas federações do agronegócio argentino exortou seus filiados a seguir no chamado “lockdown da vaca” para manter a pressão contra a decisão do governo do país vizinho de proibir a exportação de carne. Confira o comunicado:



CEEA amplia medida de força

 

Da Comissão de Enlace de Entidades Agropecuárias voltamos a insistir que o caminho escolhido pelo Governo não fará baixar os preços internos da carne, mas sim que terá o efeito contrário ao pretendido. Já mostramos com cifras concretas que, quando se seguiu trajetória semelhante no passado, os preços das carnes no mercado interno, longe de cair, subiram mais de 50% sobre a média dos demais preços da economia.

 

Já o dissemos inúmeras vezes, de todas as formas possíveis: o produtor não é o formador de preços nem a causa da inflação, mas o elo mais fraco de uma cadeia complexa, dinâmica e muitas vezes com interesses concorrentes que devem ser acordados. Por esse motivo, também repudiamos que alguns membros dessa cadeia de carne bovina ofereçam aumento nas tarifas de exportação como parte da solução, sabendo que isso afetará diretamente o preço por nós recebido. Não é aumentando os impostos que os problemas serão resolvidos. O aumento generalizado de preços que vivemos hoje deve ser atacado por suas verdadeiras origens, que têm a ver com uma economia descontrolada, com gastos públicos excessivos e com uma emissão de Pesos que exacerba esta dinâmica de preços, ao invés de acalmá-la, mas acima tudo por causa dos maus sinais emitidos que afetam a confiança e credibilidade do país, e postergando os investimentos de que necessitamos.

 

É preciso entender que as exportações hoje fechadas são de um produto que não agrada aos argentinos, e que tentar baixar os preços saturando de vacas velhas, o que causará enormes prejuízos aos criadores, que em geral são os mais sofridos por estarem longe e em campos de menor qualidade.

 

Neste contexto de mal-entendidos, a Comissão de Enlace das Entidades Agrícolas apela à continuação da cessação da comercialização de todas as categorias de gado vivo até as 24 horas da quarta-feira, 2 de junho, quando se abrirá uma janela em função dos ciclos naturais, das necessidades dos compromissos assumidos pelos produtores, dos movimentos necessários que envolvam a atividade de criação e sobretudo porque não queremos causar nenhum dano aos já castigados cidadãos argentinos por falta de renda corroída pela inflação, pela crescente preocupação com o trabalho e em meio à pandemia com atrasos injustificados na vacinação como solução necessária.

 

Continuaremos em sessão permanente para continuar avaliando o estado da situação e para continuar expressando a reclamação e a indignação dos produtores não só de carne bovina, mas de outros numerosos produtos das economias regionais e de extensas e intensivas produções, que também são profundamente afetados pelos sinais emitidos com tal medida errônea.

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