quarta-feira, 29 de julho de 2020

Prefeito cogita acabar com semi-lockdown

                                              Valdenir Rezende/Correio do Estado
Para Marcos Trad, o comerciante está cumprindo sua parte, mas muitas pessoas estão indo às ruas
Daiany Albuquerque

O decreto que restringe o horário de funcionamento do comércio e determina a abertura apenas de atividades essenciais durante os fins de semana tem validade até esta sexta-feira.

Porém, o prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), já adiantou que manter o “minilockdown” aos sábados e domingos “não é a solução”.

“Nós precisamos da conscientização da população. Não adianta decreto, não adianta fiscal, não adianta mais querer fechar, lacrar, porque, por mais que a gente esteja conseguindo mais leitos, por mais que a gente esteja impondo regras, por mais que a gente esteja até limitando o funcionamento do comércio, está saindo todo mundo prejudicado”, declarou o prefeito em transmissão em suas redes sociais.

A Capital continua como uma das piores em relação ao isolamento social e não houve mudanças no comparativo com dias em que o decreto não estava em vigor.

“Não estamos conseguindo conscientizar a população e, ainda assim, a cada 10 [pessoas], sete descumprem o isolamento. A taxa ficou em torno de 37%. Infelizmente, não obtivemos os resultados que a gente desejava, não porque o isolamento não tem resultado – porque as pessoas até se intimidaram para não se aglomerar nas ruas –, mas tivemos um índice assustador de aglomeração e festas particulares em casas”, avaliou Trad.

Conforme dados apresentados pelo prefeito, nos dois primeiros fins de semana de julho, quando nenhuma medida estava em vigor, a prefeitura recebeu 1.313 denúncias de estabelecimentos descumprindo o toque de recolher, que começa às 20h.

Porém, durante os dois fins de semana em que o “minilockdown” funcionou – dias 18 e 19 e dias 25 e 26 –, as denúncias chegaram a 1.529.

“O número de estabelecimentos orientados a fechar, por incrível que pareça, aumentou 17,8%, ou seja, de 230 quando não tinha o lockdown, passou para 271. O resultado todos nós, infelizmente, estamos amargurando. A situação da Santa Casa, que é o polo de atendimento da cidade de todos os acidentes de trânsito, de violência entre as pessoas, também ficou sobrecarregada”, lembrou.

A administração afirma que no início de julho foram 470 pessoas encaminhadas à Santa Casa. Entretanto, nesses dois últimos fins de semana, foram 410, uma redução de 13%.

Na segunda-feira, o hospital informou que entrou em colapso e já estava atendendo pacientes graves na ala vermelha porque não tinha mais vagas em unidades de terapia intensiva (UTIs).

“Hoje a Santa Casa teve a ocupação máxima dos leitos por causa do aumento dos casos de violência e de politraumatismo nesse fim de semana”, afirmou o prefeito, comentando que apenas no fim de semana foram socorridos pelo hospital.

Foram 11 vítimas de acidente com motocicleta; quatro atropelados; 10 vítimas de acidentes entre carros e bicicletas; três acidentes envolvendo dois carros; 35 acidentes envolvendo carros e motos; 13 pessoas feridas com armas brancas; 17 vítimas de violência doméstica com politraumatismo; e 15 motociclistas que sofreram quedas.

“Uma coisa está ficando bem clara: não adianta fazer lockdown. E a gente não vai fazer. Além de prejudicar o comércio, porque a gente tenta ajudar, a gente fala ‘vou sacrificar os comerciantes, para ajudar a população’. Aí o comerciante dá sua parcela de contribuição, o cara cumpre certinho, só que o povo não está cumprindo, então essa história de lockdown não adianta mais”, declarou Trad.

DECRETO
O prefeito afirmou que durante esta semana o grupo técnico formado pela administração municipal para tratar da Covid-19 vai se reunir para decidir quais medidas serão tomadas a partir de sexta-feira, quando termina a vigência do decreto atual.

“Nosso decreto do toque de recolher vai até a sexta-feira [31]. Estamos estudando e, a partir de agora, vamos ver com os técnicos aquilo que a população, de uma vez por todas, vai ter de nos ajudar. Até sexta-feira nós vamos fazer todos os levantamentos e aí vamos anunciar na as medidas que serão adotadas”, contou.

BEBIDAS ALCOÓLICAS
Ainda segundo o prefeito, há a ideia de se proibir a compra de bebidas alcoólicas, mas nenhuma determinação foi tomada. “O certo é que bebida alcoólica e trânsito não dá certo: 78,3% das pessoas que deram entrada [no hospital] estavam alcoolizadas”.

Trad afirma que a prefeitura não tem equipe suficiente para fazer valer um decreto como esse. “Vai da consciência das pessoas, porque a gente também não vai ter como fiscalizar. A gente vai ter alguns lugares para fiscalizar, mas vai depender do dono da conveniência, do bar. Nós proibimos sábado e domingo tudo, e não adiantou, aumentaram os casos”.

Um comentário:

  1. nao adianta fechar conveniências e bares,se os mercados tbm vendem bebidas alcoólicas.

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