sábado, 20 de junho de 2020

Execuções eram norteadas por pesquisas dos alvos na internet


                                           Foto: Divulgação/arquivo
Por Dourados News


Integrante do esquema criminoso desarticulado na terceira fase da Operação Ormetà, desencadeada na manhã de quinta-feira (18/6) em Campo Grande e Ponta Porã, utilizava-se de pesquisas na internet para se abastecer de informações dos alvos do grupo. Pelo menos quatro dessas vítimas fatais tiveram os nomes citados na ferramenta Google, antes e depois de serem executadas.

A informação consta no processo que corre na 7ª Vara Criminal de Competência Especial da Capital e que o Dourados News teve acesso.
Melciades Aldana, o ‘Mariscal’, era próximo dos dois núcleos investigados pelo MPE (Ministério Público Estadual), formados por Jamil Name em Campo Grande e Fahd Jamil em Ponta Porã.

Ele foi um dos alvos de mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça.

Conforme a denúncia, durante análises vinculadas ao endereço eletrônico de Melciades, foi constatado levantamento de endereço e rotina de pessoas que teriam sido executadas a mando dos ‘chefões da fronteira’. São elas Alberto Aparecido Roberto Nogueira e Ilson Martins Figueiredo.

Os dois teriam sido assassinados pelo envolvimento na morte/desaparecimento de Daniel Alvarez Georges, filho de Fahd Jamil.

No caso do primeiro, provavelmente morto antes do início dos levantamentos de dados, o integrante do grupo teria buscado junto a portais de notícias da região de fronteira algumas informações sobre o corpo.

“O que chama mais atenção é fato de que Melciades Aldana começou a pesquisar o nome de Alberto Aparecido Roberto Nogueira, por meio de buscador do “Google”, a partir das 23h43m14s (horário de MS) do dia 20/04/2016, mas o corpo dele somente foi encontrado, carbonizado, no lixão de Bela Vista/MS, por volta das 06h10m do dia 21/04/2016 (fls. 693 e segs)”, diz trecho da denúncia.

No entender do Ministério Público Estadual, o fato de realizar a pesquisa horas antes do homem ser encontrado sem vida, demonstra “que ele sabia que a vítima já estaria morta antes do corpo ter sido localizado”.

O mesmo modo de operação do suspeito foi constatado antes e depois das mortes de Aureliano Florentin Gomez [executado com mais de 40 tiros de fuzil em fevereiro de 2017] e Fabio Pedrosa Gomes de Araújo [morto com disparos de pistola 9mm, cujo corpo foi encontrado em uma estrada vicinal].

Com base nos dados, o MP aponta que não há dúvidas de que Melciades faz parte da milícia armada ‘de assassinos profissionais e responsáveis por executar os homicídios indicados pela organização criminosa’, aponta.

Terceira fase

Na quinta-feira, ação envolvendo policiais do Gaeco, Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), Bope e DOF, deram cumprimento a 18 mandados de prisão preventiva, dois temporários e outros 20 de busca e apreensão, esses, nas cidades de Ponta Porã, Ivinhema e Campo Grande, além de Peruíbe (SP)

Considerados pelo Ministério Público os ‘chefes’ do núcleo da fronteira, Fahd e Flávio Correia Jamil Georges não foram localizados.

O objetivo da terceira fase da Operação Ormetà, denominada Armagedon e desencadeada na manhã de quinta-feira (18/6), foi de desbaratar organização criminosa atuante em Mato Grosso do Sul, especialmente na região de fronteira, dedicada à prática dos mais variados crimes, dentre eles o tráfico de armas, homicídios, corrupção e lavagem de dinheiro.

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