terça-feira, 12 de maio de 2020

Nova diretoria da Santa Casa vai priorizar o equilíbrio financeiro


                                            Foto:Valdenir Rezende

Heber Xavier assume o hospital de olho em pacientes particulares e de planos de saúde


A nova diretoria da Associação Beneficente Santa Casa de Campo Grande assumiu tendo pela frente um grande desafio: o equilíbrio econômico-financeiro da instituição. Pelo menos é o que afirmou o presidente, o economista e contador Heber Xavier, que substituiu Esacheu Nascimento no cargo. Apesar de ainda estar conhecendo os detalhes das finanças do hospital, ele frisou que a saúde financeira do estabelecimento é uma das prioridades da nova administração.

Heber Xavier destacou que a Santa Casa da Capital deve ser hoje a terceira do Brasil em capacidade de atendimento e agora “cabe administrá-la e colocar pacientes lá dentro”. Conforme explicou, o hospital tem 661 leitos, dos quais 84% são contratados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e essa taxa não é a ideal. “Uma das metas é baixar um pouco o porcentual do SUS e subir o privado, para que se obtenha o equilíbrio econômico-financeiro pretendido, uma vez que, somente o porcentual SUS não dá condições de pleno funcionamento ao hospital”, disse, observando que “o ideal seria algo em torno de 60% SUS e 40% privado”.

Ao lado do superintendente de Gestão Médico-Hospitalar, Luiz Alberto Kanamura, o  presidente apontou que uma das alternativas é a retomada e a implementação de novos convênios com as empresas de seguros e planos de saúde. Apesar de ter um plano próprio – o Santa Casa Saúde –, o hospital está mantendo contatos para a ampliação do atendimento. “Estamos retomando contatos com a Funserv e também estamos começando uma negociação com a Unimed. Já houve contato com a Amil”, pontuou, citando a importância dos convênios.

DÍVIDAS

Indagado sobre o montante das dívidas da Santa Casa, Heber Xavier evitou comentar números, afirmando: “Estamos tomando conhecimento do passivo do hospital. O que pudermos renegociar, vamos renegociar”.

No mês de março, o governo federal, por intermédio da Caixa Econômica Federal, prometeu disponibilizar R$ 3 bilhões em crédito para as Santas Casas e hospitais filantrópicos que prestam serviços ao SUS. A ideia é contribuir com o combate ao coronavírus nessas instituições. Mas, segundo o presidente, isso ainda não está regulamentado. “Enquanto isso, estamos buscando por mais pacientes e renegociando as dívidas com os credores”.

IMPACTOS

Conforme a direção, nestes tempos de novo coronavírus, as finanças da Santa Casa foram impactadas. Antes, por exemplo, o hospital fazia aquisição de medicamentos, materiais e outros insumos de maneira antecipada e para a utilização no período de três ou quatro meses. Com a pandemia e com a colocação do estabelecimento como unidade de retaguarda, houve ampliação de atendimento de casos que não são da Covid-19 , aumentando o consumo de insumo.

A pandemia, como consequência, provocou o aumento dos custos de materiais, dificultando até mesmo a sua entrega, tudo isso, com impacto nas contas finais do hospital.

Heber Xavier ressaltou que, ainda mais nesses dias de pandemia, uma outra prioridade é manter a segurança dos pacientes e dos profissionais de saúde, o que implica em garantir melhores condições de trabalho. “Queremos que os pacientes tenham todas as condições de atendimento necessário e que os profissionais estejam seguros”, afirmou, frisando que um ponto importante nisso é o pagamento de salários em dia.

CONTATOS

Ao assumir a direção, o presidente manteve contato com os secretários estadual e municipal de Saúde, Geraldo Resende e José Mauro Filho. No encontro, os gestores da saúde pública foram informados sobre as metas e o andamento dos trabalhos nesse primeiro momento. “Todas as ações visam a saúde dos pacientes para garantir o máximo de qualidade no atendimento à população”, disse, sobre o tema da reunião.

A diretoria corporativa da Santa Casa e os secretários também discutiram a regularização dos repasses financeiros, contratos e metas para o atendimento aos pacientes, tanto no enfrentamento à Covid-19 quanto após a retomada de alguns serviços que ficaram restritos, como as cirurgias eletivas. Uma nova reunião será agendada para o detalhamento da cooperação mútua entre as autoridades de saúde e o hospital.

Funcionamento da Unidade de Trauma

Sobre a completa operacionalização da Unidade de Trauma, Heber Xavier informou que 100% da capacidade do setor esta negociada com o município, como retaguarda para a Covid-19. São 100 leitos clínicos e mais dez de terapia intensiva reservados a esse atendimento, e após a pandemia voltaram a funcionar integralmente  para trauma.

De acordo com o presidente da Santa Casa, ainda será  preciso encontrar uma forma e modelo de contratualização com as secretarias de Saúde que atenda as condições de equilíbrio financeiro. Da forma como foi contratualizado, “por produção”, o hospital só recebe se houver atendimento, o que não é considerado ideal.

“A ideia é voltar a conversar e discutir um aditivo ao contrato que contemple também o custeio e alta complexidade. Quando coloca só produção, como você mantêm 100 leitos que estão disponibilizados? Digamos que não tenha acidente, como se mantém essa disponibilização? Tem profissionais, insumos, água, luz, etc, que precisam ser pagos, mesmo sem uso”, alertou. Por causa disso, a nova diretoria está buscando a revisão da contratualização.

Com informação do Portal Correio do Estado

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