domingo, 22 de dezembro de 2019

Melhor drag queen do Estado, Eder era inspiração para amigos e fãs

ALÍRIA ARISTIDES                Foto:Arquivo pessoal

“Ele se entregava o máximo, fazia sua arte com muito amor”. É assim que amigos definem Eder Coenga, rapaz de 27 anos que, assumindo sua personagem Apollo Black na noite campo-grandense, ganhou reconhecimento pela arte drag queen. Apesar da idade, o jovem já era considerado um dos melhores performistas no Estado. Na noite de sexta-feira (20), Eder foi morto com um tiro no peito ao sair do trabalho, crime ainda em investigação.

Eleito melhor drag queen de Mato Grosso do Sul em 2018, Eder era exemplo e inspiração para amigos e admiradores. Atualmente, Apollo Black era presença essencial nas noites da boate Pink Lemonade, antigo Sis Lounge. Além das apresentações, o jovem também trabalhava em uma loja no Shopping Campo Grande, de onde saía quando foi morto.

É com muito carinho que Gabriel Martins, também funcionário do shopping, lembra do amigo com que trabalhava. “Ele era uma pessoa incrível, um amigo e colega de trabalho sensacional. Era uma pessoa sorridente que sempre ajudava todos que precisam”, conta. Ainda de acordo com Gabriel, Eder amava seu trabalho como drag queen. “Ele tinha uma uma alegria contagiante, um brilho no olhar quando falava que iria se apresentar na boate onde trabalhava”, relembra.

Karla de Melo, umas das voluntárias da Casa Satine, República de Acolhimento de pessoas LGBT em situação de vulnerabilidade, acompanhava o trabalho de Eder como Apollo Black, que afirma ser de grande importância para a comunidade. “É uma perda muito grande para o cenário LGBT, de uma maneira mais ampla, por ser um artista que tinha um trabalho diferenciado, uma pessoa apoiadora da causa”, lamenta.

“É com grande pesar que a gente recebeu a notícia. Estamos extremamente entristecidos pelas circunstâncias em que o crime aconteceu, pela brutalidade e também pelo fato de estar perdendo um aliado importante, um apoiador da causa”, conclui.

Nas redes sociais, familiares e amigos lamentam a perda. “Hoje acordei querendo não acreditar... Inexplicável essa sensação. Perder um amigo é ganhar saudades imensa”, “tive o grande prazer de conhecer e me orgulhar muito do seu trabalho e a da pessoa maravilhosa que você foi” e “um cara maravilhoso, querido, divertido, sempre alegre, um show de pessoa!” são algumas das mensagens deixadas para o jovem.



CRIME PASSIONAL

O delegado da Polícia Civil, José Roberto de Oliveira Júnior, não acredita que a morte jovem Eder Henrique Coenga, de 27 anos, tenha sido motivada pelo crime de ódio, mas seria passional. Eder foi assassinado na noite de ontem (20) na Rua Frederico Soares, no bairro Santa Fé, em Campo Grande.

Conforme o delegado, a investigações apontam que a vítima foi ao local do crime porque teria marcado um encontro com o suspeito. Após uma discussão, o encontro evoluiu para agressões físicas e Eder foi morto com um tiro no tórax.

Ainda segundo informações do delegado de plantão da Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) do Centro, o celular da vítima foi apreendido e será periciado. Nenhum pertence da vítima foi roubado, o que levanta ainda mais a hipótese de crime passional.

Oliveira relatou que nenhum familiar relatou que Eder sofria ameaças. Uma pessoa chegou a ser apontada como suspeita de ter cometido o crime, porém o fato foi descartado ao longo da apuração. O caso será investigado pela Primeira Delegacia de Polícia.
Com informação do Portal Correio do Estado

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