terça-feira, 10 de setembro de 2019

Morre Robert Frank um dos fotógrafos mais influentes do século XX

O Globo

Robert Frank, um dos fotógrafos mais influentes do século XX, morreu nesta segunda-feira, aos 94 anos, em Inverness (Canadá). O americano naturalizado suíço tinha um estilo visual ao mesmo tempo cru e expressivo e foi fundamental para mudar o curso da fotografia documental. Ele tinha 94 anos.
Sua morte foi confirmada pela agência Pace-MacGill Gallery, em Manhattan, que representa o seu trabalho desde 1983.

Nascido na Suíça, Frank chegou a Nova York em 1947, aos 23 anos, como refugiado artístico do que considerava serem os valores mesquinhos de seu próprio país. Logo ficou conhecido por um livro inovador, "Os Americanos", obra-prima de fotografias em preto e branco tiradas de suas viagens de cross-country em meados da década de 1950 e publicadas em 1959.

O livro “Os americanos” desafiava a fórmula fechada do fotojornalismo, definida no meio do século XX por imagens nítidas, bem iluminadas e compostas de forma clássica. As fotografias de Frank, por sua vez, eram cinematográficas, imediatas, descontroladas e granuladas, como as primeiras transmissões de televisão daquela época. Nesse estilo, retratou indivíduos solitários, casais adolescentes, grupos em funerais e estranhos momentos da vida cultural. A crítica cultural Janet Malcolm o chamou de "Manet da nova fotografia".

Mas o reconhecimento não veio de imediato. Inicialmente, suas imagens foram consideradas deformadas, borradas, amargas. A revista Popular Photography reclamou de "borrões sem sentido, grãos, exposições enlameadas, horizontes bêbados e negligência geral". Frank, disse a revista, era "um homem sem alegria que odeia o país de sua adoção".

De fato, o fotógrafo havia detestado o desejo americano de conformidade, e pensava-se que o livro era uma denúncia da sociedade americana, afastando a visão perfeita do país, seu verniz de otimismo alegre apresentado em revistas, filmes e outros. No entanto, no centro de sua crítica social havia uma ideia romântica de encontrar e honrar o que era verdadeiro e bom nos Estados Unidos.

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