quinta-feira, 4 de abril de 2019

Filme : Shazam!


Identificado com filmes de terror - como Quando as Luzes se Apagam e Annabelle 2 -, o diretor David F. Sandberg mostra uma mão muito boa para a comédia nesta aventura que injeta sangue novo  no personagem de quadrinhos Shazam (que num passado remoto se chamava capitão Marvel).

O roteiro de Henry Gayden mantém-se fiel às linhas gerais da biografia do personagem, cuja identidade se divide entre o menino de 14 anos, Billy Batson (Asher Angel), e o super-heroi Shazam (interpretado com molho por Zachary Levi). O garoto adquiriu a capacidade de transformar-se no heroi depois de uma inesperada visita à caverna do Mago (Djimon Hounsou), que o elegeu como único ser de coração puro capaz de assumir seus poderes e fazer face a grandes males que ameaçam apossar-se do mundo.

Batson tem história pessoal conturbada. Ainda pequeno, foi abandonado pela mãe e, desde então, pula de casa em casa, fugindo de sucessivos pais adotivos, em busca de reencontrar essa mãe, cujo nome ele guardou. É na mais recente casa adotiva, povoada de garotos de todas as idades e origens étnicas, que ele divide o quarto com Freddy (o ótimo Jack Dylan Grazer). O garoto, que tem uma pequena deficiência na perna, é fissurado em super-herois e, mais adiante, vai ser providencial para que Billy descubra do que é capaz com a nova identidade.

Algumas das sequências mais engraçadas são justamente aquelas em que Shazam, com um corpão de adulto mas a cabeça de menino, testa quais são, afinal, seus poderes - a missão lhe foi entregue sem bula nem manual de instruções. O universo adolescente é particularmente bem retratado pelo filme, com leveza nas questões dramáticas e respeito pelo humor e a imaginação.

A todo bom heroi corresponde um vilão à altura que, no caso, é o bom e velho dr. Sivana (Mark Strong) - que tem razões de sobra para ter rancor contra o heroi (um papel que lhe foi recusado) e usará todas as suas forças para combater Shazam enquanto ele ainda não sabe muito bem como usar as suas.

Para sair do impasse, Billy/Shazam contará não só com Freddy, mas com vários outros membros de sua nova família, o que adiciona à história um elemento de solidariedade como força maior do que o individualismo puro. Mas o maior valor do filme está na auto-ironia com que desafia a própria noção de onipotência que normalmente caracteriza os super-herois. Por disso, o filme diverte bem mais.

Neusa Barbosa

Nenhum comentário:

Postar um comentário